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Aglomerado urbano da cidade de Lisboa

Aglomerado urbano da cidade de Lisboa

O ponto de interesse Aglomerado urbano da cidade de Lisboa encontra-se localizado na freguesia de Avenidas Novas no municipio de Lisboa e no distrito de Lisboa.

Aglomerado urbano capital nacional, sede municipal e distrital, centro de área metropolitana regional. Cidade situada em estuário, com núcleo urbano formado em colina sobranceira ao rio Tejo com ocupação sucessiva de tribos autóctones, fenícios, romanos, visigodos, muçulmanos e cristãos. Cidade medieval de jurisdição régia com castelo, cerca urbana e arrabalde, implantada sobre cidade portuária romana e oppidum adaptado a al-qasbah (alcáçova), tornando-se a cidade principal do reino desde o reinado de D. Afonso III. A persistência da matriz romana na rede viária é ainda identificável, tal como a vocação portuária que esteve na raiz da formação urbana. Imagem urbana estabilizada desde o século 16, focada na frente ribeirinha e na sequência de colinas e linhas de vale, polarizada pelo Terreiro do Paço (manuelino) / Praça do Comércio (pombalina). Crescimento ao longo da época moderna (pré-industrial), segundo eixo estruturante ocidental paralelo ao rio, conjugando unidades morfológicas de traçado planeado / regular (Bairro Alto, Madragoa, Lapa) com unidades de crescimento linear atraídas por casas conventuais, paços régios e senhoriais. Impacto pontual de alguns objectos arquitectónicos onde se observa uma intenção barroca de cenografia urbana, em grande parte desaparecido com o Terramoto de 1755. Processo de reconstrução pombalina conduzido pela engenharia militar portuguesa, permitindo articulação com tecidos preexistentes na área central e propondo o planeamento de outras áreas dentro do perímetro urbano correspondente à primeira linha de circunvalação. Primeira expansão contemporânea oitocentista marcada pela abertura de grande avenida perpendicular ao eixo de crescimento paralelo ao rio (com influência do conceito de boulevard) e segundo antigos caminhos para Norte, e planeamento de novas áreas residenciais com traçado geométrico (Avenidas Novas), reflectindo influência parisiense (Haussmann), acompanhada por aterro para infra-estruturas portuária e ferroviária, encanamento de ribeiras e primeira implantação de unidades fabris. Segunda expansão contemporânea em meados do século 20 (Estado Novo) com recurso ao planeamento global da cidade (plano diretor de urbanização) com implicações regionais, acentuando preocupação com organização da rede viária hierarquizada à escala concelhia e introduzindo fortes eixos circulares sobre anteriores linhas de circunvalação. Intensa campanha de construção de equipamentos públicos e bairros planeados, muitos dos quais de habitação económica. Décadas de 60 a 90: expansão da cidade objecto de planos sectorais (a par do plano diretor), com grande impacto da urbanização privada de quintas na zona periurbana. Crescimento da área metropolitana com o fenómeno da expansão suburbana conjugando-se com as grandes estruturas rodoviárias de atravessamento. Recente valorização dos núcleos antigos e da frente de rio.

O actual perímetro urbano da cidade, confinante com as zonas urbanizadas dos concelhos limítrofes, integra áreas muito diferenciadas na sua génese e estrutura morfológica. Identificam-se cinco grandes áreas definidas por uma referência geográfica básica, considerando a conjugação dos limites geofísicos com a evolução urbanística, e tomando como recorte mais estrito as principais linhas de vale e as vias públicas que as acompanham ou dão continuidade. Lisboa Central ou Área do Centro de Lisboa (v. IPA.00034034) integra as áreas com a malha mais consolidada, incluindo desde o primeiro núcleo de povoamento até à expansão do século 19 e meados do século do 20, quando ainda se aplicava o princípio do traçado urbano definido pela relação entre a rua e o quarteirão edificado. Considera-se a área circunscrita pela via pública à cota baixa correspondente à linha da primeira Estrada da Circunvalação, via implantada sobre o perímetro da cintura defensiva projectada no século 17. A Área de Lisboa Ocidental (v. IPA.00034037) manteve o carácter rural do termo da cidade, separada pelo vale da ribeira de Alcântara, linha de água que contorna esta área a N., aqui se incluindo o Parque Florestal do Monsanto. O processo de urbanização iniciou-se a partir de pequenos núcleos costeiros, conhecendo depois um crescimento linear, constituindo ainda actualmente uma parte da cidade com espaço edificado pouco denso, mas objecto de operações de planeamento urbano contemporâneo. A Área de Lisboa Oriental (v. IPA.00034036) conheceu um crescimento urbano ainda mais tardio; permaneceu até à 2ª metade do século XX como território rural, registando apenas alguns pólos escassamente urbanizados junto à linha de costa, associados à presença de casas conventuais; a topografia obrigou à inflexão para o interior pelo vale de Chelas, demarcando-se a partir daí a Área de Lisboa Norte, através do eixo fundamental que liga o centro da cidade à auto-estrada do Norte (A1). A vasta área consolidou a tendência lisboeta para um crescimento linear costeiro através da implantação de unidades industriais do século 20; foi também alvo de importantes experiências urbanísticas (Olivais e Chelas). Recentemente viu a sua área alargada na frente de rio até Sacavém, por via da alteração das circunscrições administrativas. A Área de Lisboa Norte (v. IPA 0034038) constitui também uma grande área incorporada no perímetro urbano de Lisboa apenas na Contemporaneidade, caracterizando-se pela persistência desarticulada de antigos núcleos do hinterland rural, quintas e novas urbanizações, apesar de integrar algumas grandes zonas de expansão planeada (Alvalade e Telheiras). Agrega ainda importantes infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias. Apesar da divisão operativa da cidade por áreas geográficas, a estrutura urbanística de Lisboa revela traços de unidade, com raízes territoriais antigas, algumas reforçadas e outras alteradas pelas grandes linhas do planeamento urbano contemporâneo. Uma leitura macroevolutiva começa por evidenciar a ocupação inicial do território de Lisboa, ainda na época proto-histórica, tendo como ponto de referência a colina de São Jorge, centro físico e simbólico da génese urbana. Da primeira implantação da Época do Ferro, quando os esteiros circundantes eram ainda navegáveis, os poucos vestígios poderão traduzir-se em caminhos que estarão na origem das principais vias romanas, sendo o uso do porto natural identificado pelo menos desde a presença fenícia. A estruturação urbanística mais evidente deve-se à ocupação romana, associando a colina fortificada (oppidum) à formação de uma cidade portuária dotada de edifícios públicos e cujo tecido urbano, adaptado à irregularidade topográfica, abrangia a vertente S. e O da colina, até atingir o esteiro e a margem do rio. Cruzavam os limites urbanos da cidade importantes ligações à rede viária peninsular, definindo eixos ainda hoje marcados na malha urbana (Mantas, 2012) nas principais ligações E./O. e N./S.*1. A ocupação muçulmana reforçou parte desta estrutura, adaptando a cidade preexistente: terá ocorrido reaproveitamento das muralhas do período tardo-romano ou a construção da própria cerca (cerca velha ou cerca moura); no topo da colina concentraram-se as funções político-administrativas e militares, organizando o recinto da Alcáçova (Al-Qasbah), enquanto a zona da Medina foi ganhando o traçado orgânico que ainda hoje caracteriza a encosta (e o arrabalde de Alfama), mas a vitalidade da urbe não se traduziu em fortes mudanças urbanísticas. É de assinalar o crescimento de arrabaldes e um povoamento difuso na área hoje correspondente ao limite concelhio. Ao longo da época medieval cristã confirmaram-se as anteriores linhas de crescimento, reconfigurando as preexistências da cidade mourisca e seus arrabaldes, adensando-se a ocupação do espaço entre as colinas de São Jorge e de São Francisco. Consolidou-se uma malha irregular, cujos elementos agregadores foram as igrejas paroquiais, mantendo-se a catedral como forte pólo urbano na confluência das principais portas O. da cerca velha. A implantação das grandes casas conventuais (São Vicente de Fora, Carmo, Trindade, São Domingos, Graça) balizam os pontos altos dos arredores, depois incluídos na cerca fernandina (finais do século 14), do mesmo modo que as principais portas se relacionam com a matriz viária mais antiga, contribuindo para a formação de ruas direitas. A regulação dos usos e forma do espaço urbano, desde cedo assegurada pela coroa portuguesa (em parceria subordinada com o poder municipal), confirma o centro simbólico da morada régia principal no Paço da Alcáçova (Castelo de São Jorge), renovado no reinado de D. Dinis. Registam-se alguns realinhamentos viários, destacando-se a abertura da Rua Nova, via larga e paralela à muralha da Ribeira, cujos espaços funcionais foram reorganizados, intervenções que indiciam a transferência da dinâmica urbana para a cidade baixa nas margens do rio. Tendência ampliada no reinado manuelino com a total reorganização da frente ribeirinha, onde se incluiu a construção do palácio real (consagração efectiva e simbólica da mudança do centro de poder político), a que associam outras intervenções estruturadoras da cidade pré-moderna, situando-se a construção naval e os arsenais nos extremos ribeirinhos da cidade consolidada; é de salientar o estabelecimento de uma nova ligação N./S., entre o Terreiro do Paço e o Rossio (onde se edificava o Hospital Real de Todos os Santos) através da Rua Nova del Rei, aberta sobre o leito encanado do esteiro da Baixa (Cano Real), aspecto que se compagina com outros processos de organização da forma urbana, como o alargamento de vias e até mesmo uma sequência de novas operações imobiliárias estruturadas que foram urbanizando a colina O. (Vila Nova do Olival, Vila Nova de Andrade) correspondendo às actuais zonas do Chiado e Bairro Alto e cercanias, ultrapassando os limites muralhados. Fixou-se nesta fase a imagem da cidade portuária entre duas colinas e com a praça aberta ao rio, capital de um império marítimo, aspecto acentuado pela renovação filipina do Paço Real da Ribeira. A formação urbana da área central de Lisboa, em especial o anel de crescimento correspondente à época pré-industrial, reflecte uma estrutura linear dependente de novas ruas direitas resultantes da edificação ao longo de antigos caminhos, estrutura essa relacionada principalmente com três fenómenos. Implantação de edifícios marcantes, alguns paços senhoriais mas em especial casas conventuais, cujas cercas constituíram zonas de reserva, em parte ainda identificáveis no tecido parcelar. Situavam-se preferencialmente ao longo da faixa ribeirinha, mas também na encosta da Cotovia (Companhia de Jesus), destacando-se o pólo beneditino de São Bento da Saúde, a ocupação da vertente S. da colina de Santa Ana, e a profunda remodelação do convento de São Vicente de Fora, destacado no perfil da encosta oriental. Este factor intercala-se com o surgimento de pequenos núcleos de povoamento costeiro (Santos, Mocambo/Madragoa, Alcântara, Belém), ambos os aspectos menos evidentes mas identificáveis no lado oriental (Xabregas, Beato), numa tendência que se acentuará nos séculos 17 e 18, alargando significativamente a área urbanizável ou passível de ser integrada nos limites da cidade. Terceiro factor importante refere-se às diversas acções de rectificação e alargamento viário, reparação dos cais e equipamentos colectivos, um processo paralelo à multiplicação de igrejas na época barroca, em especial os empreendimentos de patrocínio régio. Se a cidade era defendida pelas fortificações costeiras da barra do Tejo, o projecto de construção de nova cerca urbana, em meados do século 17, e de que apenas se construíram alguns baluartes (Alcântara e Santa Apolónia), funcionou como marcação virtual dos limites de Lisboa, muito alargados e mais fluidos a N., seguindo de muito perto a lógica topográfica, base sobre a qual se construiu a primeira estrada da circunvalação oitocentista. O crescimento linear para Ocidente, especialmente reforçado no reinado de D. João V (Palácio - Convento das Necessidades, a par das várias quintas em Belém) e a infra-estruturação hidráulica com a construção do Aqueduto das Águas Livres, constituem alguns dos mais importantes indícios do planeamento urbano setecentista. A ruptura provocada pelo Terramoto de 1755, especialmente visível no traçado ortogonal da Baixa Pombalina e na deslocação da residência régia para o Alto da Ajuda, permitiu a intervenção planeada noutras áreas da cidade (São Paulo, Lapa / Buenos Aires, Praça da Alegria, São Mamede / Salitre, Príncipe Real / São Bento e o Bairro das Águas Livres / Amoreiras). Intervenção dominada pela metodologia urbanística dos engenheiros militares, neste contexto sob a direcção de Manuel da Maia, e que permitiu a cerzidura entre as diferentes unidades morfológicas e o tecido preexistente, como em síntese pode ser entendida a reconversão do Terreiro do Paço em Praça do Comércio, onde a presença régia se restringe à centralidade da estátua equestre. Os ciclos da Guerra Peninsular e das Lutas Liberais, a extinção das ordens religiosas e o processo tardio da industrialização, coincidentes com a concretização parcial dos planos pombalinos e com a reconversão de muitos conventos em equipamentos públicos e/ou colectivos, de que será símbolo maior a instalação das Cortes Constituintes em São Bento (actual Parlamento), constituem aspectos que justificam o facto de somente em finais do século 19 se identificarem novas linhas de expansão urbanística planeada. Verificou-se uma redefinição sucessiva dos limites urbanos com um significativo alargamento do termo e a construção de uma segunda estrada da circunvalação (em parte coincidente com a estrada militar do Campo Entrincheirado de Lisboa). No território do termo subsistiam vários núcleos rurais, antigos mosteiros, casais e quintas (Ameixoeira, Lumiar, Paço do Lumiar, Carnide, São Domingos de Benfica, Benfica) cuja estrutura fundiária em certos casos ainda pode ser reconstituída apesar do processo de urbanização extensiva. A estruturação da primeira expansão contemporânea, enquadrada por um Plano de Melhoramentos, mas sobretudo pela actuação do engenheiro Frederico Ressano Garcia, é marcada pela abertura da Avenida da Liberdade, pretendido boulevard e eixo que direccionou o crescimento para Norte, para onde foram desenhadas as novas áreas residenciais com traçado geométrico (Avenidas Novas), depois das experiências de Campo de Ourique, Alto do Calvário e Estefânia. A direccionalidade induzida pela Avenida da Liberdade (visualmente rematada pelo Parque da Liberdade, depois Eduardo VII), reforçada pela rotunda (Marquês de Pombal) como ponto de encontro de vias divergentes e estruturadoras do crescimento urbano, privilegiou na prática uma forte continuidade axial através da Avenida Fontes Pereira de Melo (sobreposta à Estrada das Picoas), ligando o centro da cidade (Baixa) ao planalto das Avenidas Novas. Através de outra rotunda (Saldanha) e da Avenida Ressano Garcia (depois da República), terminada em nova rotunda (Entrecampos), acentuou-se a orientação viária privilegiada para o Campo Grande, incorporando o traçado da primeira Estrada da Circunvalação (Duque de Ávila - Visconde de Santarém) e dissimulando quase todas as preexistências viárias. A par deste eixo N./S. de ligação à Baixa, a abertura da Avenida dos Anjos (Almirante Reis), afundando o percurso do Regueirão dos Anjos, confirma a força dos itinerários matriciais de acesso ao núcleo urbano a partir de N. (Valverde e Arroios). Foi ainda determinante a construção do aterro e consequente regularização da frente ribeirinha, permitindo a abertura da Avenida 24 de Julho e a implantação da infra-estrutura ferroviária, facto que fomentou o crescimento de unidades fabris situadas na Boavista, Alcântara. Junqueira, Bom Sucesso e, no lado Oriental, em Xabregas, Chelas, Beato e Marvila. O Estado Novo marcou o novo ciclo de expansão urbanística planeada, estruturante da Lisboa Contemporânea, no qual aparece formalmente a figura do Plano Director de Urbanização, tomando a cidade não apenas como um todo delimitável, mas na sua indispensável ligação ao território ou região. O plano encomendado a Étienne de Groër consagrou o princípio da circunvalação através da criação de eixos circulares (antes latentes) conectando os fortes eixos que irradiam a partir da Baixa. Apesar de concretizado em grande parte até aos anos 70 (mas ainda hoje com troços incompletos), foi aplicado o esquema básico de duas circulares: a primeira circular entre Marvila/Chelas, Entrecampos, Sete Rios, Alcântara, Ponte sobre o Tejo; a segunda circular entre a Portela de Sacavém /aeroporto, Campo Grande, Benfica com a ligação às diferentes auto-estradas. As linhas do traçado das Avenidas Novas foram continuadas e a Avenida Almirante Reis prolongada até ao Areeiro. O esquema de eixos circulares, levado até ao limite se consideramos as intenções ensaiadas de mais outras duas circulares para o centro, é ainda observável na ligação entre a rotunda Marquês de Pombal e o alto das Amoreiras. Aqui privilegiou-se o acesso à auto-estrada para Cascais, vencendo o vale de Alcântara com o extenso viaduto em betão, enquadrado por Monsanto, transformado em grande parque florestal da cidade. Registou-se o processo de monumentalização da zona de Belém, o reforço das estruturas do domínio portuário, a construção de assinalável número de bairros de habitação económica (quase sempre implantados em áreas periféricas: Encarnação, Alvito, Caselas), assim como a organização de uma rede de equipamentos públicos. Destaca-se o conjunto da Cidade Universitária e a alameda do Instituto Superior Técnico, que constituem também amarrações entre os planos de Ressano Garcia e a cidade de circulação moderna pensada por De Groër, que integrava já a delimitação de grandes extensões de terreno a expropriar para operações urbanísticas planeadas. Salienta-se neste contexto o caso de Alvalade (plano de Faria da Costa), última grande área ainda caracterizada por uma malha contínua, equilibrada na sua relação entre vias e quarteirões. Áreas planeadas como Olivais, Chelas e de algum modo Telheiras, desenvolveram-se a partir da década de 60 e apresentam desenho urbano muito diferente, conjugando o modelo organicista e racionalista. Apesar disso, perante a pressão demográfica e imobiliária dos anos 70 e 80, e em particular na área de influência da segunda circular (denominada zona rural de proteção na década de 40), foi avançando um processo disseminado de urbanização privada de quintas (algumas com perímetro ainda reconhecível), intercaladas com tecidos consolidados preexistentes, áreas de construção clandestina (hoje já muito residuais) e com as rodovias de perfil complexo, com múltiplos nós, túneis e viadutos. O melhor exemplo é o eixo Norte / Sul, que se cruza com a última via de cintura, também esta já de escala metropolitana regional (CRIL), sobrepondo-se a áreas de características periurbanas. Mais recentemente uma das maiores operações urbanísticas e imobiliárias, resultado da reconversão da frente ribeirinha industrial a Oriente, a pretexto da Feira Internacional de 1998, é a área periférica do Parque das Nações, recém-integrada nos limites administrativos da cidade de Lisboa.

Materiais

Não aplicável

Observações

A evolução do topónimo Lisboa revela a consolidação progressiva do núcleo de povoamento mais antigo: desde a latinização do topónimo pré-romano Olisipo (com as variantes Olisipone ou Olisipona), alterações por via do árabe para Al-Usbuna ou Al-Uxbuna, transformando-se em Luxbuna ou Lixbuna no árabe hispânico, enquanto o latim medieval usou Ulixona até à fixação do nome português Lixboa. A denominação clássica Olisipo foi vista ainda como justificação para uma fundação heróica por Ulisses, mito difundido pelo menos desde o século 7 (Santo Isidoro de Sevilha) e muito citada pelos eruditos.* 1 O início de dois tramos pertencentes à via Lisboa - Scallabis -Bracara Augusta, com derivação para Mérida, fixando o eixo E./O. (decumanus) pelo Largo da Sé, Rua das Cruzes da Sé, Rua de S. João da Praça até à Porta de Alfama seguindo pela Rua do Paraíso, Calçada da Cruz da Pedra, vale de Chelas passando junto ao convento, prosseguindo até Sacavém; eixo N./S. (cardus), com início em São Nicolau seguindo o vale pela Praça da Figueira e Valverde em direcção à Calçada de Carriche de onde seguia para a ponte de Frielas (Loures); outras estradas secundárias abrem percursos ainda hoje marcantes: depois de Valverde no Andaluz bifurcava um itinerário em direcção a Sintra (por Benfica); a partir de São Nicolau outro percurso dirigia-se para N. pela Porta da Mouraria, Rua do Bem Formoso ao longo do vale da ribeira de Arroios; outra estrada dirigia-se para O. talvez também a partir de São Nicolau, subindo a colina de São Francisco. O Itinerário de Antonino aponta Olisipo, de onde partiam quatro estradas importantes, como caput viarum entre as cidades mais importantes da província (Bracara, Scallabis, Pax Julia, Emerita); aqui se iniciava a Via XVI (Olisipo - Bracara Augusta), entroncando em Santarém para os outros destinos; nos limites urbanos da cidade cruzavam dois tramos (documentados por miliários) desse percurso, já que era necessário acautelar as diferenças de caudal do Tejo entre a estiagem e a invernia; pode-se ainda anotar a existência de outros itinerários (para Oeiras, existindo talvez uma ponte sobre a ribeira de Alcântara; provável existência de uma ponte em Sacavém, cuja ruína é mencionada por Francisco de Holanda em 1571 (Mantas, 2012).