Arquitectura residencial, maneirista. Palácio de fachada horizontal, linhas sóbrias, com longas fileiras de janelas de vão rectangular, cuja decoração simples se concentra no andar nobre - janelas de sacada coroadas por entablamento, guardas de ferro. Espólio azulejar constituído por painéis de finais do séc. 17 a meados do séc.18, notável pela sua diversidade, qualidade pictórica, iconografia.
Planta irregular desenvolvida a partir da fachada SO reflectindo a necessidade de adaptação à morfologia do terreno, de contorno irregular e acentuado desnível tanto entre N. e S. como entre E. e O. O edifício tem 5 pisos, com áreas desiguais resultantes da adaptação ao declive. Os pisos 3 e 4 correspondem às zonas de maior superfície; o piso 4 (andar nobre) é o único piso que articula o edifício com o espaço a NE (cota mais alta), ao nível da via pública, definido pelo pátio murado e fachada urbana contígua (a SO é piso 4, a NE é piso 1). As coberturas são diferenciadas, em telhados de 2, 3 e 4 águas, revelando a disposição horizontal dos volumes. A extensa fachada SO. é animada horizontalmente pelas fileiras de janelas de parapeito no 3° piso e de sacada com guardas de ferro no andar nobre (4°); no piso 5 destaca-se uma fiada de janelas cegas que correspondem ainda às salas de pé-direito duplo do piso 4º. Nas extremidades NO e SE duas janelas com varandas de ferro, correspondem a salas do piso 5. Os pisos térreos, a SO, com portas e janelas correspondentes a lojas e oficinas que o ocuparam, são revestidos por cantaria aparelhada. INTERIOR: destaca-se o andar nobre, cuja entrada a NE se faz por amplo átrio rectangular que conduz aos salões virados ao rio, tendo todas estas divisões silhares de azulejo de composição figurativa. A NO as salas têm dimensões mais reduzidas e convergem para uma sala semi-circular - oratório - que abre para o terraço também revestido de azulejo. Dezenas de painéis formando silhares revestem as paredes dos vários pisos do edifício, destacando-se o piso 4 (andar nobre). Na sua maioria são painéis monocromos - azul de cobalto em fundo branco, de padrão, figura avulsa, composição ornamental ou figurativa, ilustrando episódios das "Metamorfoses" de Ovídio, da "Ilíada" de Homero, caçadas, cenas galantes e pastoris. No piso 3 (áreas de serviço) essencialmente azulejos de figura avulsa, padronagem, albarradas.
Materiais
Alvenaria, cantaria, ferro, telha, madeira, azulejo
Observações
*1 - Silhares de azulejo degradados, faltam azulejos em vários painéis; muitos azulejos foram substituídos por azulejos desemparelhados. Os tectos das salas do piso nobre que hoje são em estuque e tabique foram muito provavelmente de madeira, apainelados, como os das salas do piso 5. As portas, actualmente pintadas de castanho, têm por baixo a pintura original, de flores e passarinhos, documentada em video de 1987 na posse do Eng. José Manuel Oliveira, director da Companhia de Dança de Lisboa. O tecto da sala Nº 18 revela, por baixo da actual tinta branca, vestígios de pintura mural com motivos vegetalistas em tons de dourado.