Arquitectura cultural e recreativa, modernista. O trabalho realizado por Chorão Ramalho no projecto para o Café Império, terminado em 1955, encetou um processo de renovação da arquitectura de interiores em espaços comerciais e de utência pública, que ocorreu a par do trabalho desenvolvido por Francisco Keil do Amaral ou pela equipa formada por Victor Palla e Bento de Almeida.
CINEMA: Volume único, ocupa um lote rectangular do qual um dos lados maiores, N., é a sua fachada principal. O remate murário do edifício oculta a sua cobertura diferenciada em telhado a 3 águas (sala) e em terraço (caixa de palco). O alçado principal articula-se com os alçados E. (Av. Almirante Reis) e O. mediante elementos verticais boleados e coroados por esferas armilares em ferro forjado. O acesso à sala efectua-se num recesso da fachada N., após um lanço de escadas, ao qual sucede um grande envidraçado, num 2º registo que marca a totalidade da altura da sala. No interior, correspondem-lhe 3 pisos de corredores de circulação que envolvem e servem a sala de espectáculos (dotada de plateia, 1º e 2º balcões), cujos proscénio e caixa de palco se encontram no topo O do edifício. Uma 2ª e mais pequena sala foi entretanto adaptada, a partir do bar do 2º balcão, com acesso próprio a partir da cota mais baixa, no alçado E.; no piso térreo deste situa-se um restaurante-pastelaria que completava o conjunto e apresenta ainda um painel cerâmico de Jorge Barradas (1894 - 1971). CAFÉ: trata-se de um espaço de configuração quadrangular, articulado em dois pavimentos: o primeiro, desenvolvido ao nível da cota de entrada, é formado por uma galeria definida em "L", suspensa por longos pilotis revestidos a mosaico de vidro, que arrancam do pavimento inferior culminando no tecto; o segundo pavimento, sittuado a uma cota inferior, é acessível mediante uma extensa escadaria, definindo um espaço amplo, cujo pavimento desenha um padrão de enormes losangos brancos, ocres, cinzentos e avermelhados.
Materiais
CINEMA: Betão armado, alvenaria de tijolo, placagem em cantaria de calcário e de mármore, ferro, vidro. CAFÉ IMPÉRIO: MOSAICO DE VIDRO no revestimento dos pilotis de sustentação da galeria superior; TIJOLEIRA VIDRADA e ripado vertical em MADEIRA no revestimento das paredes; tecto em ESTAFE; embutidos em MÁRMORE e LIOZ no pavimento do vestíbulo e da galeria superior.
Observações
*1 - DOF: Cinema Império, também denominado «Cine-Teatro Império», incluindo todas as obras de arte que integram os seus interiores.