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Jardim do Palácio de Queluz

Jardim do Palácio de Queluz

O ponto de interesse Jardim do Palácio de Queluz encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Queluz e Belas no municipio de Sintra e no distrito de Lisboa.

Arquitectura residencial francesa e rocaille. Composição arquitectónica e vegetal desenhada e construída intencionalmente pelo homem e onde foram contempladas funções de lazer e de recreio. Quinta com funções essencialmente recreativas associada a uma habitação e contendo jardins, mata, pomar. Permitem a percepção dos limites exteriores na maior parte da sua extensão. Jardins de buxo com estátuas, escadarias e peças de água. Jardim fechado e isolado do exterior, sem eixo a atingir entradas de aparato ou enaltecimento do edifício. Longas avenidas convergentes lembram vagamente, em planta, o jardim de Versailles, de caracterização estilística francesa, porém este efeito não se concretiza devido à modelação do terreno que não permite a leitura de eixo. Segundo o príncipe Lichonowsky, a planta dos jardins de Queluz foi inspirada em Marly, jardim mandado construir por Luís IV em 1762 com o objectivo de criar um sentimento de privacidade e intimidade (AFONSO, 1989). Originalmente a estatuária era policromada, característica que se manteve até cerca de 1820. A utilização de azulejos associados a um grande elemento de água e o jogo de sensações assim conseguidas é semelhante ao utilizado na Quinta da Bacalhoa, Jardim do Palácio de Fronteira ou Paço do Lumiar. A cascata é um elemento típico dos jardins italianos muito utilizado em Portugal no séc. XVIII, é o caso dos Jardins da Quinta de Belém, anterior, da Quinta do Marquês de Pombal, contemporânea, ou da Quinta de Caxias, posterior. Os conjuntos escultóricos de pedra apresentam um estilo rocaille, por vezes conjugado com a estatuária de chumbo.

Propriedade de planta irregular, murada a toda a volta, com palácio (v. PT031111070008) a NE. A SE. do palácio, desenvolvem-se plataforma com dois jardins geométricos separados entre si e do resto da quinta por balaustrada. JARDIM DE MALTA ou Jardim dos Azereiros, junto às fachadas do Trono e da Música, centrado por chafariz com tanque formado por quatro meias luas com volutas. Ao centro deste, repuxo constituído por golfinho que jorra água pela boca ao qual de agarram três figuras de criança, sendo todo o conjunto esculpido em chumbo. Em redor do tanque estão dispostas quatro esculturas representando as quatro artes - Música, Pintura, Escultura e Arquitectura. Ao centro cruzam-se três eixos, dois correspondentes às diagonais dos jardins e outro que o divide ao meio em comprimento. Estes eixos desenham oito canteiros de buxo talhado e topiado nas zonas de abertura em forma circular, uma que rodeia o chafariz central e outras duas equidistantes, uma para cada lado. Sobre a balaustrada a E., seis conjuntos escultóricos de cenas infantis. Este jardim é circundado por escadaria ondulante em algumas zonas, com cinco degraus que o posicionam em plataforma rebaixada. A escadaria é acompanhada nos pontos de viragem por vasos esculpidos sobre plintos. Adoçadas às fachadas do palácio, sete bustos com figuras da antiguidade clássica, assentam sobre pilastras enquadrando o jardim. Junto à fachada das cerimónias, JARDIM PÊNSIL, ou Jardim Novo, ou Jardim de Neptuno, marcado por eixo alinhado com a entrada no palácio e outro perpendicular a este. No primeiro localizam-se dois chafarizes com tanque circular decorados com esculturas de chumbo. O mais próximo, lago de Neptuno, da fachada representa Neptuno ao centro e é ladeado por mais seis esculturas, quatro alusivas às estações do ano e duas figuras mitológicas. O outro tanque, lago da Anfitrite ou lago da Nereida, tem representada Tétis assente sobre um delfim. No eixo mais pequeno existe um chafariz em cada topo, denominado tanques dos macacos. Neste jardim, o desenho divide a zona mais próxima da fachada em três canteiros de cada lado do eixo, recortados pela zona aberta em redor do tanque. A zona mais afastada é dividida em dois grandes canteiros recortados por uma zona aberta semi-circular no extremo SE., onde se insere tanque com a mesma forma. Um alinhamento de canteiros rectangulares de buxo contorna todo o jardim. A balaustrada que separa estes jardins do resto da quinta, também denominada zona do PARQUE, é ornamentada com estátuas e vasos estando a passagem marcada pelo Pórtico dos Cavaleiros, criando uma entrada de aparato. Este representa a Fama Heróica montando Pégaso e é ladeado por dois grandes tanques. O pórtico faz parte do eixo que se inicia na entrada no palácio pela Fachada de Cerimónias e termina a S. na Grande Cascata, revestida com pedra trabalhada. A partir daqui irradiam avenidas cortadas por lagos nos cruzamentos com os caminhos secundários. A área a S. dos jardins superiores denomina-se JARDIM DOS INFANTES e é constituída por três patamares rodeados de buxo e ornamentados com lagos e bancos nos cruzamentos dos caminhos que definem os patamares com a alameda central que percorre esta área. Junto ao muro de suporte do Jardim Pênsil fica o JARDIM DO LABRINTO cuja forma labiríntica se perdeu sendo constituído por canteiros de buxo de forma geométrica com predomínio de semi-círculos, dispostos em patamares separados por fiada de buxo talhado. A partir do extremo SO. do palácio acede-se ao jardim pela escadaria Robillion e junto desta situa-se cascata das conchas e jaula das feras, onde até 1833 permaneceram animais selvagens. A quinta é atravessada por CANAL descoberto em algumas zonas e subterrâneo e abobadado noutras, com cerca de 115m de comprimento. Interiormente é revestido por azulejo azul e branco representando cenas de portos, torres, paisagens, entre outras. No exterior, os muros do canal apresentam saliências e reentrâncias que formam locais de estadia. É revestido a azulejo policromado que apresenta cenas de caça, galantes e quotidianas. Na zona central do canal foi colocado um padrão comemorativo de azulejo policromo com as armas de Bragança e Orleans. Junto ao canal, a S. da quinta, área rebaixada contornada por muros com bancos, constitui o denominado jogo da bola. Do outro lado do canal, junto ao muro da quinta, zona do antigo JARDIM BOTÂNICO, cercada por balaustrada, onde decorrem actualmente espectáculos equestres. A N. do palácio, jardim desenvolve-se em patamares cuja cota mais baixa se situa junto ao palácio. Largo com conjunto escultórico de chumbo que representa Sanção matando um filisteu inicia o maior eixo da quinta que é cortado por três espaços abertos nos cruzamentos dos caminhos secundários e onde se inserem chafarizes. No primeiro cruzamento, situa-se o lago das medalhas, o maior da quinta, com tanque e repuxo central trabalhados em cantaria, de forma octogonal estrelada em que os cantos são recortados parecendo medalhas. Duas esculturas de chumbo que representam Diana e Adónis, ladeiam o lago. No segundo cruzamento, tanque com conjunto constituído por escultura de Neptuno rodeado de tritões. O eixo termina a O., no tanque do Curro, adossado ao muro que separa a zona onde se situam actualmente os picadeiros da Escola de Arte Equestre. A zona SO. da quinta é constituída por MATA junto ao muro e POMAR junto ao rio.

Materiais

Material Vegetal: Buxo semperviriens, Platanus hibridus; Inerte: mármore (esculturas, tanques e balaustradas), chumbo (esculturas), loiça (vasos), pedra (cascata e vasos)

Observações

O jardineiro Van den Kolk foi contratado por Manuel Gomes de Carvalho, por três moedas por mês. Esteve em Queluz desde 4 de Março de 1755 e o seu filho foi apadrinhado por D. Pedro no seu baptismo em Outubro de 1773; O portão da Ajuda tem esse nome porque dava para estrada que na altura ligava a quinta ao Palácio da Ajuda. *1 antigamente ligada à quinta por passadiço. mantém portão flanqueado por pináculos; *2 - estudo realizado pelo Arquitecto Paisagista Prof. Francisco Caldeira Cabral, tendo sido definidas duas zonas: a zona "non aedificandi et conservande" e a zona de protecção. Na zona "non aedificandi et conservande" consideram-se uma subzona rural e uma subzona edificada.Sobre esta zona, segundo o autor "Julgou-se útil juntar, a título exemplificativo, um apontamento do estudo para resolver o problema criado pelas construções da guarda fiscal. Se for executado, conseguir-se-á um efeito semelhante ao da Matinha, repetido do lado Nascente da estrada nacional e perfeitamente integrado no ambiente geral. É evidente que nos futuros projectos de urbanismo será necessário estudar caso a caso o seu impacto e a moldura vegetal necessária à sua integração no tipo e escala da paisagem.". Quanto à zona de protecção, esta não está vedada à construção, são acauteladas vistas e efeitos em relação à poluição sonora e outros factos incómodos (esgotos, industrias poluentes). Preve-se a fixação de cérceas e a criação de zonas arborizadas formando cortinas em locais adequados.Fizeram-se ainda estudos de arborização e compartimentação da área a poente dos jardins do palácio, integrando as instalações da antiga Guarda Fiscal, actual Escola Prática da GNR. Proposta realizada para DGEMN; *3 - o antigo Centro da Guarda Fiscal, actual Escola Prática da GNR, situado a poente do Palácio, foi alvo de um Plano de Pormenor, realizado também por Francisco Caldeira Cabral, sendo, segundo este, "necessário para garantir que as novas construções que o centro de Instrução da Guarda Fiscal pretendia realizar (Pavilhão Gimnodesportivo e Aula Magna), eram compatíveis com o correcto enquadramento visual do Palácio de Queluz. Plano realizado para a DGEMN, pelo Arquitecto Paisagista Francisco Caldeira Cabral e pelo Engenheiro Agrónomo João Caldeira Cabral.