Cerca conventual de caracerização estilística franciscana. Murada e constituída por um conjunto de espaços (pátio, mata e zona de horta / pomar) associados à antiga habitação de uma comunidade religiosa. Contém vegetação ornamental disposta com um sentido determinado e acompanhada de elementos construídos, como banco, canteiros, estátuas ou peças de água, murado sem percepção dos limites exteriores em grande parte da sua extensão. Características que traduzem uma atitude de vida franciscana: pobre, simples e funcional. A sua localização na serra de Sintra atribui-lhe um ambiente húmido, inigmático e sombrio que aqui é natural mas que noutros casos como Monserrate ou Pena é explorado ao máximo. Na Cerca encontra-se possivelmente o mais representativo testemunho e a mais bem conservada relíquia da floresta primitiva da serra de Sintra que, pela sua raridade e estado de desenvlvimento e conservação de muitos exemplares, constitui um importante valor natural, cultural e científico. Destacam-se ainda, exemplares plantados como o plátano que cobre o adro do convento, o freixo do pátio de entrada e alguns buxos de porte arbóreo.
A cerca é constituída pela zona do CONVENTO (v .PT031111050021 ) com o PÁTIO e TERREIROS adjacentes, a MATA, e a ZONA AGRÍCOLA. Limitada por muro com c. de 2.5m de altura rasgado por duas entradas. Entrada principal pelo TERREIRO DAS CRUZES marcada por construção representativa do calvário em pedra e cal, com acesso por rampa de declive suave com degraus pouco notórios. Neste terreiro, plátano de gande porte, por trás do qual, muro alto com banco adjacente terminando à direita em passagem encimada por duas pedras formando arco - pórtico das fragas, ligando ao TERREIRO DA FONTE que antecede o convento. Neste terreiro fonte de espaldar encimada por nicho e com tanque oval com concheados na parte superior e azulejo séc. 17 na base. Mesa e banco de pedra ao lado da fonte. Do lado oposto do convento, PÁTIO quadrangular e ajardinado, centrado por tanque octogonal com chafariz central, termina a N. em muro com banco adjacente e vista sobre a zona baixa da cerca. A E. edifício estreito e baixo denominado LABORATÓRIO e a O. CAPELA DE SANTO ANTÓNIO OU DO SENHOR DO HORTO com canteiros laterais às escadas que lhe dão acesso. A S. do pátio, desenvolve-se a mata na encosta, constituída por formação arbórea submediterrânica com predomíneo de carvalhos cerquinho e subcoberto mediterrâneo com grande profusão de fetos, musgos e plantas epífitas e trepadeiras resultando numa grande densidade vegetal. Um caminho irregular com degraus esbatidos, conduzindo a uma zona a cota mais elevada onde se situa o antigo forno de pão e a CAPELA DO SENHOR CRUCIFICADO OU DO ECCE HOMO onde duas grandes rochas convergem como as da porta da entrada formando as paredes da capela que alberga um altar com vestígios de pintura a fresco. Outro caminho semelhante desce até à gruta do Frei Honório, buraco em rocha com pedra assente no cimo, com inscrição. O pátio tem passagem pelo muro para a ZONA AGRÍCOLA onde existe uma casa de fresco com dois bancos laterais, revestida a azulejo e concheados. Existe também uma fonte a partir da qual de estabelece o sistema de rega por caleiras. Esta zona escontra-se dividida em parcelas por pequenos muros de compartimentação. No muro a N. desta zona localiza-se a segunda entrada na cerca.
Materiais
Material Vegetal: carvalho, cedro, sequoia, buxo, plátano
Observações
Conta-se que Frei Honório habitou a cova como penitência por ter sido tentado pelo diabo em forma de mulher que lhe pediu para a confessar quando andava pelos campos. Remetendo-a para o convento, foi perseguido por ela até que Frei Honório lhe fez o sinal da cruz fazendo-a fugir. Ali viveu, durante trinta anos, até morrer.