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Domus Municipalis

Domus Municipalis

O ponto de interesse Domus Municipalis encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Sé no municipio de Bragança e no distrito de Bragança.

Arquitetura infraestrutural, medieval e politico-administrativa, quinhentista. Cisterna medieval de planta retangular, com estrutura de cantaria, interiormente coberta por abóbada de berço e seccionada por três arcos torais, sobre a qual foi construída no séc. 16 a casa da câmara, com planta poligonal, fachadas em cantaria, superiormente rasgadas por arcada baixa composta por arcos de volta perfeita, sobre pilares, e terminadas em cornija sobre cachorros decorados. Dois portais de verga reta e jambas biseladas rasgadas na fachada N. dão acesso ao interior, sobrelevado, percorrido por sedia, com pavimento em cantaria, rasgado por três vãos para a cisterna, paredes terminadas em cornija assente em cachorros com decoração diversa e com cobertura de madeira. Edifício invulgar e sem paralelo na Península Ibérica, composto pela sobreposição de duas estruturas funcionais distintas e de diferentes épocas, constituindo o ex-libris da cidade. A cisterna foi construída na Idade Média, talvez no séc. 13 ou 14, semienterrada, com toda a estrutura em cantaria, conservando parte do aparelho siglado, tendo no interior nascente, mas com sistema complementar de abastecimento; este era feito através de caleiras abertas, dispostas ao nível da antiga cobertura do edifício em quatro faces, a partir das quais as águas pluviais eram conduzidas por condutas para o interior, bem como, muito provavelmente, pelas três bocas rasgadas no lajeamento que atualmente constitui o pavimento da casa da câmara. Em 1510, na sequência da carta do Duque de Bragança e seguindo as suas orientações, o município construiu a casa de reunião do senado sobre a estrutura lajeada da cisterna, com o cumprimento e largura que o chão permitia e procedendo a algumas regularizações das paredes, o que veio a resultar na planimetria poligonal. A abertura de arcadas de volta perfeita sobre pilares possantes ao longo das fachadas e o seu remate com nova cornija sobre cachorrada com decoração arcaizante, levou os autores a considerar a denominada Domus Municipalis como exemplar da arquitetura românica ou gótica, integrando-se, segundo Leonor Botelho, no chamado românico de resistência datado do séc. 16. A cornija do remate foi construída como uma segunda caleira de onde partiam condutas dispostas em alguns ângulos, para aumentar o armazenamento de água que, no interior da cidade, sempre foi insuficiente. As aduelas dos arcos são exterior e interiormente lisas exceto numa das faces interiores, o que poderá indicar algum desfasamento temporal na feitura da obra. Os cachorros têm decoração antropomórfica, zoomórfica, vegetalista ou geométrica, exceto um do interior que tem as armas de Portugal, representadas com os cinco escudetes, os dos flancos apontados para o exterior e com bordadura envolvente e terminada em cunha, remate que só surgiu com D. Manuel I, coincidindo com a época da construção da casa.

Planta pentagonal, ligeiramente irregular, de massa simples com cobertura em telhados de cinco águas, rematadas em beirada simples, assente em murete recuado de cantaria, revestido a cobre oxidado. Fachadas de diferentes dimensões, em cantaria aparente, a virada a E. possuindo ressalto na zona inferior, e terminadas em cornija que forma caleira aberta, assente em 64 cachorros, com decoração fitomórfica, antropomórfica, zoomórfica e geométrica. Sob a cornija, as fachadas são rasgadas por vãos em arco de volta perfeita, de duas arquivoltas lisas, sobre pilares, sendo os vãos da fachada O. de menores dimensões. Ao longo das fachadas, à exceção da virada a E., corre caleira saliente e aberta sob os vãos, com silhares nos extremos e ao centro avançados. Na fachada N., a maior, rasgam-se inferiormente e ao centro dois portais de verga reta, com as jambas biseladas, a partir dos quais se desenvolvem escadas em cantaria de acesso à sala de audiências da câmara. INTERIOR com sala de espaço único, circundado a toda à volta por uma "sedia", ou seja, um bailéu de cantaria, destinado aos membros do concelho, e iluminado pelos vãos em arco de volta perfeita, de duas arquivoltas, sendo a exterior das faces viradas a O. decoradas por motivos em "X". As paredes terminam igualmente em cornija, assente em 53 cachorros, com o mesmo tipo de decoração, tendo um da face virada a N. o escudo com armas de Portugal. Sobre a cornija, surge num plano recuado murete de cantaria de suporte da cobertura, de madeira, com travejamento aparente. O pavimento é em lajes de cantaria e possui três vãos quadrangulares, protegidos por grades, ligeiramente desalinhados e sendo o central maior, de ligação à cisterna, desenvolvida inferiormente. A cisterna tem planta retangular e estrutura em cantaria, com ressalto inferior escalonado na parede virada a E., coberta por abóbada de berço, apoiada em três arcos torais, abrindo-se em cada uma das secções os vãos anteriormente citados no pavimento da sala de audiências. Apresenta pavimento lajeado de granito, siglado, e com declive suave para S., tendo-se encontrado uma nascente de água no ângulo NO. e a pequena profundidade. Nos quatro ângulos laterais possui quatro orifícios das condutas inclinadas existentes no interior da abóbada que, das caleiras sob os vãos e do remate do edifício, canalizavam as águas pluviais dos telhados para o interior da cisterna.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito aparente; pavimento em lajes de cantaria; lápides em bronze e mármore; portas de madeira; grades em ferro nas bocas da cisterna; teto de madeira sobre travejamento do mesmo material; cobertura de telha.

Observações

*1 - A denominação de Domus Municipalis, designação latina para casa da câmara, poderá ter sido atribuída no séc. 19 ou já mesmo no séc. 20.