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Jardim da Quinta do Paço de São Cipriano

Jardim da Quinta do Paço de São Cipriano

O ponto de interesse Jardim da Quinta do Paço de São Cipriano encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Tabuadelo e São Faustino no municipio de Guimarães e no distrito de Braga.

Quinta seiscentista e revivalista. Quinta de recreio com jardim, mata e campos agrícolas. Jardim formal rectangular, fronteiro à fachada principal da casa, constituído por sebes topiadas de buxo, com formas geométricas, com canteiros irregulares, possuindo no seu interior, azáleas, camélias, agantos e algumas árvores topiadas zoomórficas. O jardim é pontuado por bancos, fontes, e uma casa de fresco neomanuelina. A mata é constituída por uma colecção de espécies exóticas plantadas no séc. 19. Segundo Binney (1987), o grande interesse dos jardins reside no excelente trabalho de "topiária, das sebes de buxo e nos azulejos". O jardim, monumental, destaca-se pela altura do seu buxo (mais de 4 metros nos pináculos talhados), o que lhe confere um encantamento peculiar e antecede a surpresa da restante área do jardim. Toda a zona superior do jardim é particularmente rica em elementos pouco usuais como é a casa de fresco em granito que substitui aqui os comuns caramanchões ou latadas da região, os azulejos do séc. 17 que revestem o banco entre a casa de fresco e o tanque do leão, e o próprio tanque do leão, quadrangular, construído apenas com três pedras de granito para além do muro da quinta que funciona como uma das paredes do tanque. Também a colecção de azáleas dos anos 30, talhadas em sebe ou em bola no interior dos canteiros de buxo proporciona uma coloração notável de contraste com o verde predominante. O eixo central do jardim culmina numa fonte monumental, com grande espelho de água, envolvido por colunata. Desde a época medieval que a água utilizada para regar os campos provém das cerca de 30 minas que existem na envolvente da quinta. Com a construção do jardim a água das minas passou também a ser utilizada para regar o jardim e ornamentar as fontes encontrando-se actualmente canalizada. Toda a quinta apresenta uma manutenção cuidada que reflecte o esforço do proprietário em manter um importante marco da história da família e da arte dos jardins portugueses.

Quinta com solar, capela separada, a SE. da fachada principal, integrada no muro que delimita a quinta, jardim fronteiro à fachada principal da casa, a S., separado por terreiro, mata a SE. e E., com algumas zonas separadas do núcleo principal e campos agrícolas a O.. Jardim rectangular dividido em duas zonas idênticas por eixo central, delimitadas por sebe de buxo talhado de grandes dimensões e altura, formando superiormente pináculos tronco-piramidais, a ladear as entradas para as zonas do jardim, e nos ângulos. Formam-se igualmente esferas, nas faces N., e empenas, a faces viradas a S.. Esta sebe, virada ao caminho central, é recortada por merlões e percorrida por quatro longos canteiros enquadrados por buxo topiado, a pequena altura, delimitados por esferas, com bancos de pedra ao centro de cada face. Interiormente encontram-se roseiras. Ambas as zonas são compostas por várias parterres de buxo de recorte elaborado e irregular, delimitadas por esferas talhadas, formando canteiros preenchidos com azáleas, agapantos, ciprestes, um deles topiado na forma de um grande pássaro e camélias. Na zona E., adjacente ao muro da quinta, encontra-se fonte com espaldar, formado pelo muro, enquadrado por pilastras coroadas por pináculos piramidais e ao centro cruz latina sobre acrotério. No centro do espaldar, bica zoomórfica formada por leão, encimado por cartela oval emoldurada com inscrição de data. Tanque rectangular, com embasamento e cunhais apilastrados. Do lado esquerdo da fonte, encontra-se banco com assento e espaldar revestido a azulejos seiscentistas, de padrão, e diferentes barras, policromos a azul e amarelo. Junto a este localiza-se casa de fresco, chamada de "Casa da Manteiga" em alvenaria de granito, com embasamento e remate em cornija boleada. Fachada N., com acesso por portal, com alfiz, em arco conopial, com renda, assente em colunelos. Na fachada lateral O., abre-se janela em arco conopial assente em colunelos. Interior com paredes rebocadas e pintadas de ocre, com cobertura em abóbada de aresta rebocada e pintada de branco e pavimento de tijoleira. A zona O. do jardim termina com elevada sebe de camélias, formando parede vegetal, com vãos recortados em arco com vista para os campos agrícolas. No topo S. do jardim, oposto ao terreiro da casa, o caminho central abre-se para outro terreiro terminando em fonte com espaldar de três panos, o central mais elevado, decorados por embrechados, compostos por seixos brancos e pretos. No pano central abre-se nicho com gruta artificial, por onde escorre água, albergando imagem pétrea da Virgem. Panos laterais com bicas carrancas, prolongando-se em colunata toscana, que envolve o grande tanque, rectangular, com semicírculo destacado ao centro. Contornando a casa, para N., aparece recanto enquadrado por camélia topiada, com pequena fonte dedicada a Santo António, com bica encimada por painel sobrepujado por esfera e cruz. À direita da fonte, existe uma tipuana de grandes dimensões que antecede portão de acesso aos campos agrícolas, que se situam a O., com vinha e pasto para o gado. Do lado de fora deste portão, junto ao muro, adossa-se tanque de rega. A N. da casa encontra-se vasto espaço adaptado para lazer que mantêm pequena horta, ficando o restante espaço ocupado por prado. À direita uma latada termina na entrada para a zona destinada ao gado. Limite a O. desta área, junto à horta, é feito por muro de suporte que a separa dos campos agrícolas. A mata separada da quinta, também conhecida como "matinha" apresenta colecção de espécies exóticas e um campo abandonado. A quinta é envolta por várias terrenos do mesmo proprietário, parte dessa área é ocupada com mata, de espécies autóctones ou de espécies introduzidas, nomeadamente cedros do Atlas, deodaras, abetos, eucalipto, sequóias e inclusivé as infestantes austrálias.

Materiais

Material Vegetal: buxo (Buxus sempervirens); camélia (Camelia japonica), azáleas (Azalea sp), murta (Myrtus comunis), magnólia (Magnolia grandiflora), rododendros (Rhododendron ponticum), teixo (Taxus bacata), cedros do Atlas (Cedrus atlantica), abetos (Abies sp), eucalipto (Eucalyptus globulus), sequóias (Sequoia sempervirens) e inclusivé as infestantes austrálias (Acacia melanoxylon); Inertes: muros de delimitação da quinta e de suporte, bancos, fontes e casa de fresco, em granito.

Observações

Segundo Alberto Sampaio a quinta teria tido uma ocupação medieval "prova dessas ocupações remotas, existem vestígios de construções românicas ou pré românicas, destacando-se uma Cista e uma Sepultura em Rocha". Esta última encontra-se escavada num penedo ou rocha de granito, possuindo a forma de um homem prostrado. Designada na região como "Campa de Mouro", a sua forma e modo como foi descoberta suscitaram a curiosidade popular, originando lendas. Entre elas conta-se que um anterior Senhor da casa, quando a pôs a descoberto encontrou um "homem de ouro", facto explicativo para as grandes obras da casa." (Sottomayor 1999:1); *1 - a quinta encontra-se parcialmente abrangida pela classificação. Jardim visitável mediante marcação prévia.