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Jardins de Monserrate

Jardins de Monserrate

O ponto de interesse Jardins de Monserrate encontra-se localizado na freguesia de União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel no municipio de Sintra e no distrito de Lisboa.

Espaço verde de recreio. Parque de caracterização estilistica romântica-paisagista. Parque de uso público consistindo em porção de terreno murado sem percepção dos limites na maior parte da sua extensão, constituído por vegetação ornamental disposta com um sentido determinado e acompanha de elementos construídos, como banco, canteiros, estátuas e peças de água. Segue uma atitude pictórica sendo estudado numa sucessão de imagens e pontos de vista paradoxalmente inspirado e sugestivo de pinturas de pintores paisagistas de Inglaterra. Rigorosamente projectado para parecer natural e espontâneo numa perspectiva de sobreposição de planos progressivamente mais longínquos e difusos. Este estilo encontra no estilo chinês um profundo conhecimento e domínio da beleza aparentemente natural mas com um conceito temporal radicalmente diferente: assente numa ideia nostálgica do tempo erguem-se nos espaços paisagistas elementos construídos intencionalmente em ruínas. Oferece um cenário lendário a que se pode associar um carácter paradisíaco, insólito e enigmático reforçado pelo denso tecto vegetal de plantas exóticas e autóctones. É grande a semelhança entre o Parque de Monserrate e o da Pena, quanto ao estilo, quanto à exoticidadade botânica e quanto ao clima propício. Ambos se dissovem na paisagem naturalmente ajardinada que os rodeia porém em Monserrate o conceito de jardim / parque exótico e da preciosidade e raridade das plantas sobrepõem-se ao conceito de grande mata-virgem com preocupações principalmente cenográficas e paisagistas. É ainda característico do estilo inglês do séc. 19, a colecção de fetos, patente no vale-dos fetos. A essência de Monserrate reside na recorrência às memórias do clima dos contos das mil e uma noites traduzidos no romance de Beckford ou nos poemas de Byron. O Parque apresenta um minucioso estudo de efeitos de perpectiva e pontos de vista e dos percursos em função das possibilidades cenográficas do lugar. A abundância de raridades exóticas, o cenário meticulosamente misterioso, e a sua conjugação com o relevo e com o clima despertam sensações únicas: "cruzam-se sobre nós as folhagens mais raras; cipós correm de ramo em ramo e caem em cachos violáceos e purpúreos. Ponho-me a andar devagarinho, não vá esta floresta virgem desaparecer, só ao ruído dos meus passos, como nos contos de fadas... é a floresta virgem, um jardim selvagem como nunca vi outro. Durante uma hora vivi no Brasil, procurei as araras de polpa de ouro, pensei nos tigres, ouvi as fontes e bebi fortes perfumes capitosos, cheios de vida e de sol que embebedam com champanhe."(Bazin, 1894). O parque de Monserrate apresentam uma das maiores colecções botânicas que existe em Portugal. Algumas árvores atingiram um porte considerável como é o caso da Araucária heterophylla, com 50 m, ou o Metrosideros robusta. Junto ao palácio foi criado, na segunda metade do séc. 19, o primeiro relvado regado por sistema de rega que permitia mantê-lo verde durante todo o ano.

Planta irregular, murado a toda a volta e estruturado por caminhos sinuosos que acompanham ou cruzam as curvas de nível. Destacam-se as seguintes zonas: O Palácio ( v. IPA.00004069), a cota elevada (165.59m) permitindo avistar grande parte da várzea de Sintra a NO., por cima das copas da vegetação do parque. O edifício é antecedido a SE. por terreiro centrado em peça de água com taça circular e chafariz com forma humana sobre três peixes de corpos entrelaçaos em altura e cabeças paralelas ao plano de água dispostas em forma triangular; O relvado de estilo inglês estende-se a SO. em declive acentuado. No topo, junto ao palácio, Metrosidero e, na base, Araucária-de-Norfolk, ambos bem desenvolvidos; Os lagos artificiais um mais pequeno, enquadrado por Estrelícia-gigante, Taxódio-do-méxico e Búnia-búnia e um maior situado ao fundo do relvado com papiros, lótus e nenufares junto à margem; caminhos ladeados de vegetação farta conduzem ao local denominado México onde a vertente virada a sul foi estruturada em patamares e preenchida com vegetação oriunda dos locais de clima seco, entre os quais o méxico. Aqui destacam-se o taxódio-distico, o pinheiro-do-méxico, as lúcas e o dragoeiro; Caminhando para E. surge a capela, propositadamente em ruínas com paredes interiores e exteriores envoltas por vegetação da qual de desataca a Árvore-da-borracha. Este local é um dos elementos fundamentais do conceito romântico- paisagístico do parque; Segue-se o vale-dos-fetos onde se exibe uma colecção de fetos arbóreos, característica do estilo inglês da época, provenientes de zonas de clima tropical. Para além dos fetos arbóreos, foram plantadas no parque quarenta espécies de fetos. Próximo deste local, cascata construída entre grandes penedos e plantas exóticas, alimenta-se do riacho que a antecede. Segue-se o arco de Vathek *3 que terá sido a entrada principal de Monserrate (superior). No final do percurso pelo parque existe falso cromeleque, perto do restaurante, atribuido, tal como o cromeleque e a cascata, a William Beckford.

Materiais

VEGETAL: árvores - abeto-do-Caúcaso (Abies nordmanniana), abeto-espanhol (Abies pinsapo), acacia cyclops, acácia negra (Acacia mearnsii), acácia-austrália (Acacia melanoxylon), Acer rubrum, amieiro (Alnus glutinosa), búnia-búnia (Araucaria bidwllii), castanheiro da Índia (Aesculus hippocastanum), cameleira (Camelia japonica), chorão (Carpobrotus edulis), castanheiro (Castanea sativa), cedro do Oregon (Chamaecyparis lawsoniana), cipreste do Buçaco (Cupressus lusitanica), Cycas circinales, Cyathea australis, dicksonia antarctica, eucalipto-de-flor (Eucalyptus ficifolia), eucalipto-comum (Eucalyptus globulus), eucalyptus linearis, eucalyptus ovata, medronheiro (Arbutus unedo), palavrão-preto (eucalyptus obliqua), plátano-bastardo (Acer pseudoplatanus); taxódio-do-méxico (Taxodium mucronatum); arbustos - aveleira (Corylus avallana); carqueja (Chamaespartium tridentatum), dedaleira (Digitalis purpurea), Daucus muricatus, esteva (Cistus ladanifer), pilriteiro (Crataegus monogyna), feto-dos-carvalhos (Davillia canariensis), giesta-de-flor-branca (Cytisus multiflorus), giesta-das-vassouras (Cytisus scoparius), giesta-negral (Cytisus striatus), roselha (Cistus crispus), sargoaço (Cistus salvifolius), trovisco-fêmea (Daphne gnidium), trombetões-encarnados (Datura sanguinea), urze-das-vassouras (Erica scoparia), urze (Calluna vulgaris), herbáceas:cravina (Dianthus laricifolius spp. marizii), cravo-romano(armeria pseudarmeria), morrião-perene (Anagallis monelli), orquídea-piramidal (Anacamptis pyramidalis).

Observações

*1 - DOF: Palácio de Monserrate, Jardins e Mata. *2 - (aberto ao público; horário de visitas: 1 Abril a 15 Outubro das 9:30 às 19:00; de 16 Outubro a 31 Março das 10:00 às 17:00; marcações: 21 923 73 00, www.parquesdesintra.pt). *3 - este arco foi denominado Vathek por William Beckford e é também o título de um dos seus romances mais famosos. *4 - Gerard DeVisme (1726 - 1798), sócio da empresa Purry & Mellish que possuía o monopólio da importação do pau-Brasil; na escritura referia-se que DeVisme pretendia arrendar a quinta por largo tempo, por ser um sítio muito remoto, "o mais semelhante aos ares da sua pátria" e por isso o mais conveniente para a sua saúde e para descansar das fadigas do seu comércio; mas também pretendia restabelecer a quinta, "aumentando os seus pomares e dando-lhes o benefício de que careciam, reedificando a seu arbítrio as casas"; até então a quinta era aberta, ou seja, não possuía vedação; o prazo estipulado era de nove anos, a contar de 1 de Julho de 1789 até 30 de Junho de 1798, e o preço era de quatrocentos mil réis em dinheiro corrente no fim de cada semestre à razão de duzentos mil réis em cada um, livres de décima e de outros tributos e encargos que a quinta tivesse no presente ou que se lhe imponha no futuro, ficando tudo o resto por conta do rendeiro; os melhoramentos ficariam pertencendo ao prédio arrendado, mas em compensação, o rendeiro desfrutaria das mesmas benfeitorias não só ao longo dos nove anos de arrendamento, como também por outros nove anos, prorrogação esta que o senhorio desde já prometia conceder ao arrendatário ou a seus herdeiros. *5 - Francis Cook ampliou a quinta de Monserrate com a compra de várias quintas que ficavam na envolvente; são elas: Quinta de São Bento, Quinta da Infanta, Quinta da Cabeça, Quinta da Ponte Redonda, Quinta da Bela Vista, Quinta de São Tiago, Quinta de Pombal, Quinta das Bochechas, Quinta da Boiça, Quinta da Bela Vista e as terras a S. da estrada, frente a Monserrate, e o Convento dos Capuchos com a respectiva cerca. Para além disso, Cook comprou a Quinta Pequena e a Quinta Grande, a Quinta do Cosme e a da Sanfanha, depois revendidas a vários. *6 - O Monte da Lua, empresa pública, com outros accionistas e a Direção Geral de Florestas e Instituto de Conservação da Natureza, têm a seu cargo a recuperação, desenvolvimento e gestão dos parques de Monserrate, da Pena, do Convento dos Capuchos e do Castelo dos Mouros. Algumas lendas contam que nolocal do palácio existiu uma ermida dedicada Nossa Senhorara que D. Afonso Henriques mandou construir após a reconquista de Sintra, junto à antiga e venerada sepultura de um mártir cristão.