Igreja construída na segunda metade do séc. 19, pela Companhia de Jesus, reformada na primeira metade do séc. 20, para adaptação a tribunal, e em meados da centúria, após ter sofrido um incêndio, sendo elevada a paroquial em 1969. A igreja oitocentista, construída sobre um templo medieval, dedicado a São Tiago, invocação pela qual também é conhecida, apresentava a frontaria em empena recortada, rasgada axialmente por portal e janela, em arco, encimada por nicho com imagem do orago. Em 1924, aquando da adaptação a Tribunal, a frontaria foi seccionada em dois registos, rematada em platibanda plena interrompida ao centro por espaldar contracurvo e rasgada por três portais, em arco de volta perfeita, o central maior, encimados por janelas retilíneas com frontões, a central de sacada com guarda balaustrada, sobre pilares, e as laterais de varandim, igualmente com guarda balaustrada. A fachada foi ainda decorada com heráldica nacional e municipal e a figura da Justiça. Conservava no interior coro-alto sobre colunas, integrando pias de água-benta, duas capelas laterais, e decoração em estuque relevado. Após um incêndio no templo, a Companhia de Jesus pede, em 1948, um estudo de reconstrução da igreja, ao arquiteto João Antunes mas, sob a influência da família Megre, de Águas, Penamacor, onde o arquiteto Nuno Teotónio Pereira havia projetado uma nova igreja paroquial, acaba por contratar a direção das obras a esse último. O seu projeto de reconstrução, condicionado pela necessidade de conservar a estrutura espacial da igreja e a torre, tendo-se substituído apenas a sacristia, devido à antiga ser em taipa, acaba por incidir essencialmente no arranjo da frontaria e na decoração interior. Para Teotónio a fachada não tinha características religiosas, nas formas, disposição dos vãos, e "dissimulações e excrescências", considerando as três portas "pouco cómodas e mesquinhas", "as janelas de sacada ao nível do coro, com balcão, além de não proporcionarem uma iluminação adequada, são características de um edifício público ou de uma habitação", e o remate, "além de constituir uma simulação construtiva de filiação barroca, não tem sequer a elegância das construções autênticas neste estilo" (PT NTP-TXT00134). Como tal, o seu projeto não poderia ser "uma simples depuração da frontaria", mas havia que remodelá-la completamente. Assim, projetou uma fachada em empena, com capeamento de cantaria, traduzindo a forma da cobertura, simplificou as pilastras dos cunhais e criou uma entrada ampla, que facilitasse a circulação e "resultasse convidativa e atraente", com um endonártex de linhas retilíneas, encimado por um baixo-relevo, e um conjunto de três vãos longilíneos, individualizados, para dar ao interior a luz adequada. O projeto, considerado pouco condizente com as linhas clássicas da torre sineira e não se integrando com arquiteturas afins, foi indeferido por duas vezes, levando a que a igreja tivesse sido reaberta ao culto a 10 de fevereiro de 1952 mas, só no final do ano seguinte, se conseguiria concluir a fachada, com a abertura dos três vãos. O grupo escultórico, executado pelo escultor Joaquim Correia, tem temática sugerida pelo Pe. António Fazenda e alusiva ao orago, figurando no grupo central a consagração da Covilhã ao Sagrado Coração de Jesus, e nos laterais martírios de jesuítas covilhanenses. O interior resultou pouco iluminado, apesar das capelas laterais serem encimadas por meias lunetas com grelhagem envidraçada, a que não ajudou a colocação de um lambril de madeira e a cobertura em fibras de madeira. Caracteriza-se pela depuração decorativa, possuindo coberturas curvas, coro-alto parcialmente sobre as paredes do endonártex, arco triunfal de volta perfeita, ladeado por dois altares colaterais, postos de ângulo, e púlpito de madeira, de bacia circular, encimada por guarda-voz, disposto no presbitério, junto à pilastra do Evangelho. Na capela-mor, o projeto estabeleceu o altar encimado por "baldaquino-reflector", filtrando a luz da janela da parede testeira, mas esse acabou por dar um resultado "sombriamente opaco", levando ao fecho do vão e à pintura do Sagrado Coração de Jesus, por Jaime Martins Barata, em 1957.
Planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita e baixa, com torre sineira quadrangular e sacristia adossadas à fachada lateral direita, esta implantada no ângulo formado pela capela-mor e a torre sineira, e anexos na fachada oposta. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e em terraço na sacristia e anexos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por alto soco de cantaria, circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija. A fachada principal surge virada a sudoeste, em empena, com cruz latina de cantaria no vértice, rasgada por amplo vão retilíneo, subdividido por dois pilares, formando um endonártex, fechado por porta envidraçada e portões em ferro, onde três portas acedem ao interior, e, superiormente, por três vãos estreitos e longilíneos, em arco de volta perfeita, moldurados a cantaria. Sobre o endonártex, dispõem-se três grupos escultóricos, em baixo relevo. Na fachada lateral direita, eleva-se a torre sineira, com cunhais apilastrados, firmados por fogaréus, dividida em três registos por friso e cornija, tendo, nos primeiro e segundo da face sudeste, um vão em arco abatido, e no superior, em cada uma das faces, as ventanas, em arco de volta perfeita, com fecho saliente, assente em pilastras almofadadas, prolongando-se a moldura em avental; a torre, com acesso exterior a sudoeste, por vão em arco, remata em balaustrada e possui cobertura em coruchéu bolboso. A fachada posterior da capela-mor termina em empena, coroada por cruz, de cantaria. Na sacristia, com o terraço da cobertura protegido por guarda em ferro, rasga-se porta de verga reta, encimada por janela jacente, e cinco vãos amplos laterais. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com pavimento em tacos de madeira, a nave percorrida por lambril de madeira e com cobertura curva, de cinco panos, apainelados, assente em cornija de cantaria. Coro-alto de planta côncava, parcialmente assente nas paredes do endonártex, com guarda em ripado de madeira, acedido pelo lado da Epístola, através de vão retilíneo com porta em ferro, tipo lagarta, e, no lado do Evangelho, por porta de verga reta a partir da residência. No sub-coro, o portal central é ladeado por pias de água benta cilíndricas. No topo da nave existem capelas laterais, de verga reta e igualmente com lambril de madeira, inserida num vão em arco, de volta perfeita, formando bandeira com grelha envidraçada; as capelas são dedicadas ao Senhor dos Aflitos (Evangelho) e a São João de Brito (Epístola). O presbitério, elevado por um degrau, precede o arco triunfal, de volta perfeita, assente em impostas salientes, que prolongam a cornija da nave, sendo envolvido por inscrição e ladeado por dois altares, em cantaria de granito, dispostos de ângulo, com imaginária. Junto ao arco triunfal dispõe-se o púlpito, de bacia circular, com guarda vazada de madeira. Capela-mor elevada por dois degraus, com soco de cantaria, pavimento em tacos de madeira, revestidos a alcatifa vermelha, e cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira, assente em cornija de cantaria. De ambos os lados, rasgam-se portas de verga reta de ligação às dependências anexas e, no lado do Evangelho, vão superior com três lumes retilíneos. Na parede testeira, surge a representação, em pinturas murais, de uma enorme imagem do Sagrado Coração de Jesus, envolvido por mandorla. Sobre o supedâneo de dois degraus de cantaria, dispõe-se o altar-mor.
Materiais
Estrutura em betão ou alvenaria, rebocada; soco, pilastras, friso, cornijas, molduras dos vãos, cruzes, fogaréus, grupos escultóricos do exterior e arco triunfal em cantaria de granito; altares laterais em cantaria de granito; pinturas murais na parede testeira da capela-mor; lambris, guarda do púlpito e do coro, em madeira de castanho; portões do endonártex em ferro forjado; caixilharia das janelas em madeira e as da frontaria em ferro perfilado; janelas com vidro ou vidro catedral, na frontaria; portas de madeira; pavimento da igreja em tacos de madeira e o do endonártex e supedâneo em cantaria de granito; teto em fibra de madeira; algerozes metálicos; coberturas exteriores em telha lusa.
Observações
*1 - Segundo o Pe. João Bernardo, o Sr. Dr. Crespo e o Sr. José Alçada, da Comissão de reconstrução da igreja, "ficaram mesmo entusiasmados. Como este estilo moderno é ainda inteiramente desconhecido nesta região é natural que a princípio a maior parte do vulgo há-de estranhar e talvez até censurar, mas pouco a pouco irão vendo e compreendendo a razão de tudo e acabarão por gostar. (...). Quanto aos esbocetes poucas observações temos a fazer. O sistema de iluminação tanto natural como artificial pareceu-me muito interessante. Receio no entanto que a igreja fique demasiado escura. É preciso atender a que em qualquer parte do templo se possa ler comodamente, sem cansar a vista (...) gostei imenso a ideia do reflector sobre o altar-mor. Não vejo bem como poderá servir ao mesmo tempo de baldaquino, mas se isso for realizável duma maneira feliz, seria uma coisa deveras original e curiosa. Nosso Senhor o ajude a acabar de amadurecer essa ideia. A capela lateral do lado do Evangelho poderá com algum trabalho, aprofundar-se um pouco mais, mas não creio que se possa chegar a 1,m60, como vem na memória (...)" (PT NTP-TXT 00129). *2 - Sensivelmente por esta altura, o Pe. João Bernardo foi transferido para a Residência da Póvoa de Varzim, sendo então substituído pelo Pe. António Fazenda, que passa a tomar a dianteira no restauro da igreja. Ainda assim, o Pe. Bernardo escreve ao arquiteto, a 23 de outubro, a informar que apenas dois empreiteiros haviam apresentado orçamento para as obras, um no valor de 140 contos e o outro no de 210, achando este muito careiro, mas o outro barato demais, havendo um certo receio na adjudicação" (PT NTP-TXT 00129). Numa outra carta a Teotónio Pereira, datada de 1 de dezembro, o Pe. Bernardo manifesta a sua satisfação por ele ir cuidar do restauro da igreja e diz que "Considera providência divina ter sabido dele em Águas (...)" (PT NTP-TXT 00129). *3 - O Dr. Crespo de Carvalho escreve a Teotónio Pereira dizendo que "O arranjo da fachada tem beleza e tem equilíbrio arquitectónico, ao mesmo tempo que reveste um aspecto sóbriamente moderno sem que faça mau contraste junto da torre. Mas parece que a mesma fachada é um tanto pobre quanto à decoração, pelo que se propõem as seguintes ideias à consideração do Sr. Arquitecto: 1) o janelão superior talvez devesse ser provido de vitrais; 2) o alto relevo que embeleza a sobre-padieira da porta principal talvez devesse ser acompanhado lateralmente por quaisquer motivos decorativos que lhe sirvam de acessório. E como, por outro lado, o côro precisa de luz directa (porque o janelão fica demasiado acima para iluminar), talvez fosse exequível e adaptável abrir uma fresta de cada lado do alto relevo com forma apropriada e revestir as duas frestas de uma rêxa em ferro forjado (...)" (PT NTP-TXT00134). *4 - Numa carta de 16 de fevereiro ao Pe. Fazenda, Teotónio Pereira alude às críticas feitas ao projeto, dizendo: "Por mim, acredito nas possibilidades do Presidente, e, portanto, na sua expressão livre e autêntica, e sinto-me incapaz de imitar seja o que for do Passado, que admiro ferverosamente. Quanto a estabelecer compromissos, sou de opinião que a arte não os admite. De resto, a fachada apresentada em ante-projecto não me parece ostensiva na sua expressão, mas antes discreta; (digo isto para mão se pensar que pode incluir-se no que se chama "arrojamento moderno" (...) (PT NTP-TXT 00129). *5 - Segundo a carta do Pe. Fazenda, a sacristia media aproximadamente 10x20m, era em taipa e "(...) não tendo até hoje recebido nenhuma reparação, precisa de ser demolida e reconstruída com solidez (...)" (PT NTP-TXT 00129). *6 - "(...) Em 9 de Novº de 1873, por diligência e zêlo do Pe. Nicolau Rodrigues, Superior ao tempo desta Residência, a cidade da Covilhã consagrou-se solenemente ao Sagrado Coração de Jesus. Talvez o relevo possa ter êste motivo: consagração da Covilhã ao Sagrado Coração de Jesus. Acaso poderia figurar-se o Sagrado Coração de Jesus de pé ou sentado num trono, a Covilhã (figura que a simbolizam) aos pés do S. Coração de Jesus oferecendo-lhe um escudo com as armas da cidade (ou qualquer coisa que significasse a entrega da cidade ao S. Coração) e o Pe. Nicolau (existem fotografias dele) apresentando ao S. Coração de Jesus a cidade na figura representativa dela. É uma sugestão que Vª Exª aproveitará se gostar. Lembro que em 1943 (se não erro) a Covilhã se consagrou ao Imaculado Coração de Maria. Fês a consagração o Presidente da Câmara, e promoveu-a êste criado de Vª Exª. Rogo muito a Vª Exª que na escultura não favoreça a arte moderna. Queremos arte, mas inspirada e humana. Simbolismos exagerados, não (...)" (PT NTP-TXT 00129). Três meses depois, a 26 de junho, o Pe. Fazenda escreve ao arquiteto dizendo que, relativamente ao baixo-relevo, "quero examiná-lo com todo o vagar em todos os seus pormenores. O rabisco do projecto não diz nada do que êle será (...). Eu por amor da pressa sujeitar-me-hei a muita coisa, mas ali por cima da portada quero arte humana, arte verdadeira, arte, em suma. Exageros modernos, simbolismos rígidos e pouco decifráveis não os quero ali. Quero figuras expressivas, humanas, bem acabadas e perfeitas. (...)" (PT NTP-TXT 00129). *7 - Na Memória Descritiva do projeto, 2.ª fase das obras, fazem-se as seguintes considerações: "(...) No ante-projecto apareceram já perfeitamente definidos os princípios que conduziram à solução apresentada, e que, longamente meditados, não sofreram alteração: "A frontaria, no seu estado actual, não tem caracter ou espírito religioso - pelas próprias formas, pela disposição dos vãos, e pelas dissimulações e excrescências que contem. As três portas existentes são pouco cómodas e mesquinhas. As janelas de sacada ao nível do coro, com balcão, além de não proporcionarem uma iluminação adequada, são características de um edifício público ou de uma habitação. O tímpano superior que remata a fachada, além de constituir uma simulação construtiva de filiação barroca, não tem sequer a elegância das construções autênticas neste estilo. Por estas razões se conclui que uma simples depuração da frontaria, pela eliminação dos elementos apostos, não basta para obter uma fachada de igreja. Será preciso remodela-la completamente. Assim, procurou-se obter uma entrada ampla que facilitasse a circulação e que resultasse convidativa e atraente. Os vãos existentes serão emparedados e rasgar-se-á um amplo janelão na parte superior, para dar ao interior a luz adequada. As pilastras existentes serão simplificadas e a empena de bico, com capeamento de cantaria, traduzirá com sinceridade a forma da cobertura. Um baixo-relevo será colocado sobre o portal. (…) O arranjo definitivo da frontaria, não difere, assim, do apresentado anteriormente em ante-projecto. Apenas se estudaram com maior cuidado as proporções, o lugar dos vários elementos no conjunto, e se concretizou melhor o baixo-relevo da entrada, que ganhou desenvolvimento. No conjunto de vãos aberto na parte superior para iluminação da nave, cada elemento está agora mais individualizado, de modo a que o todo não constitua um janelão único, mas um grupo de pequenos rasgamentos. O grupo escultórico é constituído por uma figura central, de grande porte, representando o Coração de Jesus, e por grupos laterais de figuras mais pequenas, que representam cenas relacionadas com o culto do Coração de Jesus, incluindo a consagração da cidade da Covilhã, patrocinada pelo Padre Nicolau Rodrigues. Embora constituindo um conjunto interligado, as várias figuras e grupos ficarão embebidas na fachada de uma maneira livre, e um pouco espalhados, com pedaços de parede branca entremeados, isto para evitar uma impressão excessivamente pesada. O baixo-relevo dará, assim, a indispensável animação à fachada. A disposição dada à entrada obedece ao objectivo de proporcionar, por um lado, uma zona abrigada junto às portas, servindo ao mesmo tempo de guarda-vento, e por outro, um átrio que estabelecesse uma transição entre a rua e o templo, o que corresponde a uma necessidade de ordem psicológica. Com esse recinto vedado apenas por uma grade (alta e de transposição difícil), a igreja conservará, mesmo enquanto fechada, um aspecto mais atraente. Uma grelha com vidro, nas paredes laterais, iluminará as zonas baixas sob o coro (...)". *8 - A Câmara delibera indeferir o pedido de licença da remodelação da frontaria essencialmente por quatro motivos: o parecer do arquiteto João António de Aguiar referir-se apenas à fachada, sem fazer referência ao conjunto; o projeto apresentado se encontrar incompleto, sem portanto ser possível efetuar uma apreciação do mesmo conjunto; devido aos elementos apresentados até ao momento, "entender que o volume de construção existente impõe que a fachada principal a reconstruir, se integre numa arquitetura afim; e que a solução apresentada, por si só não impõe decisivamente por forma a justificar a adoção de arquitetura totalmente diferente. Assim, devia ser apresentado o projeto completo, elaborado de forma a satisfazer os princípios expostos (...)" (PT NTP-TXT 00129). *9 - Na carta ao Pe. Fazenda, Teotónio diz que o desenho da frontaria fora feito de acordo com as indicações do arquiteto Aguiar. "Eu não gosto nada, mas parece-me que poderá ser aprovado pela Câmara e pelo Ministério (...) veja-o V. R. e, se entender, meta-o na Câmara". Em resposta, o Pe. Fazenda, a 10 de agosto, diz que "A nova frontaria não me aquenta nem me arrefenta. Aquêles santos esmagados por tão alterosas frestas; (...) aquela ilusão de três naves ... etc ... Mas precisamos de andar. Estamos parados há mais de 2 anos! Portanto já meti o projecto à Câmara... Oxalá ela aprove" (PT NTP-TXT 00129). No dia 20, o padre diz que o projeto só não agradara a duas pessoas mas, de modo geral, foi do agrado de todos. Na Câmara foi bem recebido tendo-o enviado, no dia 12, para Lisboa, ao arquiteto Aguiar, para receber o seu parecer. Em setembro, o Pe. Fazenda escreve uma outra carta, confidencial, aludindo ter estado com o engenheiro da Câmara e ficado a saber que o engenheiro Aguiar estivera na Covilhã, que se queixara de Teotónio não ter feito nada do que ele queria. Já o arquiteto da Câmara "lamentava uma ... enormíssima ... falta ...A da Tôrre. Tem a obcessão da tôrre e do barroco". (...) Eu para terminar esta comédia toda, vou-me inclinando a não tocar na frontaria ... O que está é uma delícia de arte condizente com o ambiente e com a tôrre (...)" (PT NTP-TXT 00129). *10 - Segundo o Pe. Fazenda, os altares "que infelizmente não ficaram de bloco, mas só de prancha, ou seja, de placa gorda. O altar-mor dá bom aspecto. Sem a mesa parece pequeno. Com ela talvez fique bem. Os do canto teem um ar pesadão. É de necessidade quebrar aquêle bojo do frontal com qualquer monograma, mesmo que seja de bronze, tanto mais que estes altares, para serem consagrados, teem que levar no meio do frontispício uma cruz aberta na pedra. As banquetas paradas a meio caminho também não dizem bem. É necessário evitar o inconveniente da projecção do sacrário contra a parede branca, com duas frestas, cada uma de seu lado do cofre (...)" (PT NTP-TXT 00129). O padre também não gosta da cancela do coro. *11 - No projeto de atualização litúrgica da igreja, "procurou-se uma solução, dentro dos condicionalismo existente, que exprimisse claramente a plena participação do povo na celebração eucarística. Para tanto, a colocação do altar na zona correspondente ao transepto parece a solução indicada, proporcionando uma disposição envolvente das bancadas dos fiéis, que passarão a ocupar as capelas laterais. (...) a zona central da celebração compreenderá, além do altar, o banco da presidência - que aproveitará o actual púlpito (sem o docel-reflector). (...) quanto ao altar, será construído com a pedra superior do actual altar-mor, apoiada numa estrutura metálica guarnecida com os tampos dos altares laterais, segundo desenhos a fornecer. Para maior realce e largueza do banco da presidência, será ampliado o sopedâneo do altar existente. Uma das bancadas laterais será aproveitada para o côro, que ficará em posição mais favorável para a função de diálogo com o corpo principal da assembleia dos fiéis. A actual capela-mor, em cujo altar se conservará o sacrário - será ocupada por bancadas em face-a-face, posição com nítidos inconvenientes, mas que permitirá tanto a participação na liturgia como a oração junto do Santíssimo. Também aqui poderá instalar-se o côro, sobretudo se fôr numeroso o grupo de fiéis que o compõem. O acesso a este durante as celebrações terá de ser feito através do salão adjacente (...). O Santíssimo será mantido no altar existente, conservando-se o sacrário, mas modificando-se aquele, reduzindo-se o volume e a altura, pois o tampo será aproveitado para o novo altar da celebração (...). Quanto à Via Sacra, propõe-se a utilização de pequenas cruzes de pau-santo com 30x30cm, de um modelo exclusivo da Casa Sampedro, da autoria do Arquitecto Nuno Portas. Em princípio, seriam distribuídas ao longo de toda a nave e das capelas laterais e integradas na parte superior do lambril de madeira, para evitar um realce excessivo (...). A instalação da pia baptismal, no caso de a igreja passar a ser paroquial, como tudo indica, representa um problema extremamente difícil (...). Em face da escassez de espaço na zona de entrada, só se vêm duas soluções convenientes: a localização do baptistério numa das capelas laterais, de preferencia a da direita, onde ficaria com toda a dignidade, mas sacrificando um sector importante das bancadas dos fiéis; ou na própria zona central da celebração, puxado também à direita, junto do degrau existente (...)" (PT NTP-TXT00136).