Construções de planta circular com cobertura cónica de palha cuja função primitiva terá sido de habitação sendo posteriormente utilizadas como palheiros. Apresentam estrutura em xisto, de aparelho não-isódomo, e telhado cónico de colmo de uma só água assente em asnas de madeira, frequentes no Algarve onde existem mais construções deste tipo. Revelam a persistência de práticas ancestrais de arquitectura popular serrana, outrora ocupando vastas áreas da Serra do Caldeirão, de Alcoutim a Barranco do Velho, mas hoje acantonados em algumas aldeias mais isoladas do interior dos concelhos de Faro, de Tavira e de Alcoutim.
Conjunto de palheiros de planta circular regular. Massa simples disposta verticalmente, com cobertura exterior homogénea em cúpula. Estrutura: circular, feita de pedaços de xisto em aparelho não-isódomo, com regularização exterior e interior; porta de acesso ao interior com intradorso muito pronunciado, e de arco recto regular; linha de telhado irregular com placas de xisto dispostas horizontalmente, sobre as quais assentam as asnas do telhado, estas dispostas em cone pronunciado e em forma de teia, com ripas de madeira no sentido vertical intercaladas com outras dispostas horizontalmente; telhado homogéneo em colmo, em camadas (designadas por manchinhas) sobrepostas presas nas asnas horizontais, terminando num cone mais cuidado sobre o qual se ergue uma cruz, igualmente de madeira e que remata cada palheiro; na maior parte dos casos, existe uma abertura no telhado, junto ao beiral, de feição quadrangular e em palha cintada por madeira, que se pode remover e voltar a fechar *1. Núcleo 1 composto por três palheiros, dois ainda activos e o restante (o que se encontra a uma cota mais baixa) abandonado, sem telhado e com derrubes ao nível da estrutura. Núcleo 2 é o mais completo. Palheiro 8: revestimento de argamassa na estrutura; telhado em perfeitas condições com actividade ainda visível; Palheiro 6 destruído, vendo-se apenas o arranque da estrutura circular; Palheiro 5 abandonado, sem revestimento do telhado, mas ainda com as asnas visíveis, denotando a estrutura em cone cintada por vigas horizontais; Palheiro 9 implantado no centro da aldeia, em ligeiro declive e junto à principal via da localidade, ainda em actividade; Palheiro 10 adossado a outras casas, também em actividade.
Materiais
Xisto, madeira, palha
Observações
*1 - esta abertura permite que a palha seja directamente depositada no interior sem ter de se passar pela porta, o que facilita o trabalho manual; *2 - Apesar de estarmos perante uma tipologia construtiva tradicional e, portanto, difícil de definir a sua origem e cronologia inicial exactas, a relativa modéstia das construções, aliada a uma clara fragilidade dos materiais constituintes faz com que estejamos perante construções novecentistas, que se filiam numa anterior e antiga tradição construtiva (na casa castreja para Ernesto da Veiga OLIVEIRA, Fernando GALHANO e Benjamim PEREIRA, 1988, ou na casa redonda mediterrânica para Orlando RIBEIRO, 1961), mas cuja constante necessidade de renovação não permite que sejam muito antigas.