Paço dos comendadores da Ordem de Cristo, construído no séc. 18 / 19, sobre as estruturas de um anterior, no local onde a Ordem do Templo erguera um castelo, no séc. 12. Redinha inseria-se no termo de Soure, importante zona de fronteira entre o território cristão e muçulmano, que contribuiu para a defesa da cidade de Coimbra, doado à Ordem do Templo, em 1128. É possível que nessa data já ali existisse uma fortificação, visto ser referida por crónicas árabes mas, segundo as Inquirições de finais do século, o território da Redinha estaria inculto na época, tendo recebido, em 1159, foral como incentivo e fixação de população, o primeiro a ser atribuído pela Ordem. Os Templários ali constroem ou reconstroem um castelo, formado por recinto muralhado simples que, com a perda de importância estratégica, rapidamente fica em ruínas e desaparece, já não subsistindo vestígios materiais aquando da visitação de 1508. Contudo, a morfologia do núcleo habitacional entre o paço e a Igreja Paroquial, de perfil arredondado, poderá apontar para a planimetria inicial do castelo medieval, que persistiria no cerrado da Ordem de Cristo, referido na visitação, e que só seria ocupado por habitações em época mais recente. O paço dos comendadores, atualmente em ruínas, data provavelmente do séc. 18 / 19, apresenta planta retangular, com fachadas evoluindo em dois pisos, de grande simplicidade, sendo a principal rasgada, por portas retilíneas sobrepostas, no piso superior, por janelas de peitoril, em arco abatido e moldura formando cornija, enquadrando óculo central. No interior possui as dependências do piso térreo abobadadas. Tem adossado lateralmente corpo da adega, de construção posterior ao paço, com fachada ainda mais sóbria, rasgada nos dois pisos por vãos retilíneos. É notório a persistência do paço dos comendadores com adega associada, pelo menos, desde o início do séc. 16.
Planta retangular irregular, tendo adossado à fachada lateral direita o corpo da adega, retangular, mais baixo. Volumes escalonados, com coberturas em telhados de quatro águas, sobreposta na fachada posterior por chaminé, e de duas águas na adega, rematadas em beirada dupla. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, de dois pisos, a principal virada a poente. O corpo principal é percorrido parcialmente por faixa de cimento e no piso térreo é rasgado por quatro portas, de verga reta e molduras simples, três no mesmo alinhamento, mas a mais à direita transformada em janela de peitoril, com pano de peito rebocado e pintado, e a do topo direito numa cota inferior. No segundo piso abrem-se regularmente, quatro janelas de peitoril, de verga abatida e molduras a formar ligeiro recorte lateral e inferior, e terminadas em cornija contracurva; ao centro, abre-se pequeno óculo circular. O edifício da adega é rasgado, no piso térreo por portal central, de verga reta com moldura terminada em cornija, e, no andar superior, por duas janelas de peitoril, de verga abatida e moldura a formar brincos retilíneos. A fachada lateral direita da adega termina em empena, é revestida a cimento e é rasgado por porta e janela retilíneas. A fachada posterior do corpo principal apresenta dois panos, o da esquerda com pilastra de ângulo no cunhal, tendo o piso térreo em ruína, permitindo ver as coberturas interiores do mesmo em abóbada, de duas naves, sobre a qual se desenvolvia terraço; no segundo piso e em plano mais recuado, abrem-se três janelas de peitoril e porta de verga reta para o terraço. O pano direito possui corpo alteado, à esquerda, rematado em aba corrida, de madeira sobre mísulas, rasgado por amplo vão em arco e, no segundo piso, por janela retangular. À direita, surge a cozinha, encimada por ampla chaminé, e rasgada por janela retangular. A fachada posterior da adega é rasgada, no andar superior, por janela retangular, sem moldura.
Materiais
Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; paredes rebocadas e faixa a cimento aparente; molduras dos vãos e coluna em cantaria calcária; portas, caixilharia e aba corrida de madeira; vidros simples; cobertura e beirada de telha.
Observações
*1 - Tem junto da dicta egreja. Huus paaços uelhos derribados de tempo antijgo honde ajnda tem huua adega que leua de longo xxviij colados e xij de largo. o qual assentamento de paaços e adega parte com a dita egreja e com o adro e com çarrado da hordem. Tem hi mais o dito çarrado junto (na margem esquerda do fólio pode ler-se "jaa nom hy esta adega se não o chão della e haa muyntos anos que he deRibada segundo a jnformação que se ouue oje xxbj d outubro de 1532) do dicto assentamento em que estão 31 oliveiras e 4 nogueiras e duas moos de figeuiras com outras arvores de fruto. e parte de huu cabo com o dito adro e do outro com o caminho que vay pera soure e pelo Ribeiro daguilha atee o rio".