Cineteatro construído e projetado no primeiro quartel do século 20, primeiramente apenas como teatro, no local de uma pequena ermida seiscentista da invocação a Santo António dos Pescadores, insere-se no conjunto de edifícios destinados a atividades sociais lúdico-pedagógicas e recreativas preconizadas pela República. Apresenta uma planta retangular, desenvolvida a partir da articulação longitudinal e escalonada de dois corpos principais retangulares de dois e três pisos, com coberturas diferenciadas em telhados de três e quatro águas, que deixam antever a sua organização interna em três espaços funcionais principais. As suas fachadas apresentam paredes rebocadas e caiadas de branco, com cunhais, socos, ombreiras, vergas dos vãos, frisos e platibanda caiada com cal pigmentada com óxido de cobalto, que lhe confere um característico tom azul. A fachada principal constitui o elemento caraterizador deste imóvel, concebida segundo uma estética neomourisca, apresenta uma composição simétrica, desenvolvida em três panos, delimitados por cunhais e rasgados por vãos inscritos em arco de ferradura, encimados por uma platibanda recortada por tês arcos coroa, sendo o central de maior largura e altura, a ocultar a cobertura. Os ângulos, boleados, apresentam um coroamento igualmente recortado. O pano central é rasgado pela porta principal axial encimada, no segundo piso, por janela de sacada servida de balaustrada de ferro forjado trabalhado ao gosto da época e pintado de cinza. Os restantes dois panos são idênticos, rasgados no primeiro piso por pequenos vãos em semicírculo, e encimados por janelas de peitoril. Internamente, a organização dos espaços funcionais, públicos e técnicos, realiza-se a partir da divisão simples de um retângulo em três partes, de áreas desiguais e em diversos pisos, sucedendo-se os espaços de estar e de apoio ao visitante (vestíbulo, foyers e circulações verticais), o espaço cénico (o auditório) e o espaço técnico e de cena (a caixa de palco), incluindo-se, sob este, os espaços de apoio à cena (foyer dos artistas e técnicos, e camarins). O auditório apresenta uma planta retangular com balcão em forma de "U", de cena contraposta, com uma sala com capacidade para c. de 200 lugares, distribuídos por plateia, balcão e camarotes, e tendo um palco de configuração retangular, sem pendente, dotado de avant-scéne.
Planta retangular, desenvolvida a partir da articulação longitudinal e escalonada de dois corpos principais retangulares de dois e três pisos, a que se adossa um terceiro corpo, um anexo, também retangular, mais estreito, de um só piso, que acompanha os dois principais pelo seu lado esquerdo, a norte. Paredes rebocadas e caiadas de branco, apresentando cunhais, socos, ombreiras, vergas dos vãos, frisos e platibanda caiadas com cal pigmentada com óxido de cobalto, que lhe confere um tom azul. Coberturas diferenciadas em telhados de três e quatro águas nos corpos principais e em terraço no novo corpo anexo. Fachada principal, orientada a noroeste, de quatro panos de dois pisos, marcados horizontalmente a partir de friso saliente azul-cobalto, rasgados por vãos inscritos, maioritariamente em arcos de ferradura de inspiração mourisca. Primeiro pano, correspondente ao corpo anexo construído na intervenção mais recente, estreito, rasgado por uma janela de verga reta em cada piso, sendo a do primeiro piso, que serve de bilheteira, encimada por pala metálica, e a do segundo, que serve a escada de acesso ao foyer do balcão, basculante, encimada por bandeira fixa. Os restantes três panos pertencem ao edifício principal, sendo de composição simétrica, delimitados por cunhais azul-cobalto e encimados por uma platibanda recortada por tês arcos coroa, sendo o central de maior largura e altura, a ocultar a cobertura. Os ângulos, boleados, apresentam um coroamento igualmente recortado. O pano central é rasgado, no primeiro piso, pela porta principal, axial, inscrita em moldura em arco de ferradura, sendo esta de folha dupla de madeira com bandeira semicircular de vitral decorativo, é encimada, no segundo piso, por janela de sacada de dupla folha e bandeira, em arco de ferradura, servida de balaustrada de ferro forjado trabalhado e pintado de cinza. Os restantes dois panos são idênticos, rasgados no primeiro piso por pequenos vãos em moldura de arco abatido e encimados por janelas de peitoril inscritas em moldura em forma de arco de ferradura. A fachada lateral direita (a única visível, pois o imóvel encontra-se adossado pelo lado esquerdo a outro edifício), apesar de constituída por um pano único deixa adivinhar os três principais espaços funcionais do edifício a partir das coberturas diferenciadas e escalonadas. Apresenta dois e três pisos, sendo a divisão entre o primeiro e o segundo mais uma vez marcada por friso saliente pintado a azul-cobalto. O topo do lado esquerdo, junto à fachada principal, alberga a área de apoio ao visitante e de distribuição, é rasgada, ao nível do primeiro piso por vão de peitoril inscrito em arco de volta perfeita e, no segundo piso, por um vão de peitoril retilíneo, o centro, em corpo mais baixo, corresponde internamente ao espaço do auditório, servido por suas portas inscritas em arco de volta perfeita ao nível do primeiro piso e encimadas por pequenas janelas retilíneas no segundo piso, o topo junto à fachada tardoz corresponde internamente à caixa de palco, de duplo pé-direito, e rasgada por janela de peitoril retilínea no piso térreo e encimada por óculo de iluminação. Nesta zona, aproveitando o declive natural do terreno, existe uma cave, ampliada na última intervenção, com acesso a partir do exterior por porta de verga reta. Fachada posterior, correspondente ao tardoz da caixa de palco, sendo apenas rasgada ao nível da cave por janelas retilíneas. INTERIOR: a organização dos espaços funcionais, públicos e técnicos, realiza-se a partir da divisão simples de um retângulo em três partes, de áreas desiguais e em diversos pisos, sucedendo-se, depois de ultrapassada a porta principal, os espaços de estar e de apoio ao visitante (vestíbulo, foyers e acesso às circulações verticais), o espaço cénico (o auditório) e o espaço técnico e de cena (a caixa de palco), incluindo-se neste os espaços de apoio à cena (foyer dos artistas e técnicos, e camarins). Acede-se ao interior do imóvel pela porta principal, que abre para o vestíbulo e foyer da plateia, com paredes e cobertura rebocadas e pintadas de branco, e pavimento em lajes de mármore de lioz de cor rosa; à esquerda acede-se à bilheteira e aos espaços de circulação vertical, em frente à plateia do auditório, e à direita aos sanitários e espaços de apoio e de circulação horizontal; sobreposto a este espaço encontra-se o foyer do balcão, semelhante ao do piso inferior piso. A ligar ambos as escadas de circulação vertical, com degraus revestidos a mármore de lioz de cor rosa, corrimão metálico liso e paredes e coberturas rebocadas e pintadas de branco. AUDITÓRIO: sala com planta retangular com balcão em forma de "U" e cena contraposta, constituída por uma plateia central com capacidade para 102 lugares sentados, dos quais três são para cidadãos portadores de deficiência, apresenta, tal como o balcão e as galerias laterais, lambrim em madeira de ácer, pintada a vermelho, nivelado, na plateia, com a altura do palco, sendo as restantes paredes até ao teto rebocadas e pintada de branco. A cobertura é em masseira tripartida, rebocada e pintada de branco com vivos vermelhos. No segundo piso do auditório existem duas galerias laterais com dez lugares sentados cada, o balcão, com trinta e seis lugares sentados, e dois camarotes, com três lugares cada, a ladearem a régie. As galerias, balcão e camarotes são servidos por balaustrada de ferro forjado com trabalho idêntico ao da balaustrada que serve a sacada da fachada principal, pintado de cinza e com corrimão de madeira pintado a vermelho (esta grelha é a original recuperada). PALCO: de planta retangular, com 7,70 metros de largura com 7 metros de profundidade (incluindo avant-scène), e uma altura à falsa-teia de 10,8 metros; boca de cena com uma altura de 5,15 metros por 6,75 de largura, apresenta pavimento em madeira de ácer, em taco assente em barrotes de pinho envernizado, cobertura em madeira de casquinha aparelhada e pintada de branco, apresentava ainda dois florões laterais pintados a cor de ouro. CAMARINS: são três localizados sob a caixa de palco, em zona criada pela mais recente intervenção, antecedidos pelo foyer de artistas e técnicos, com pavimento em mármore de Trigaches cinza claro, paredes com lambril de azulejo branco baço ao total do pé direito. CABINE DE PROJEÇÃO: localizada junto ao balcão, as suas paredes têm painéis viroc. EDIFÍCIO NOVO: construído à esquerda do principal, serve sobretudo de espaço de apoio à circulação, apresenta pavimento vinílico cinzento e cobertura acessível com terraço revestido a tijoleira rústica vermelha.
Materiais
Alvenaria de pedra, alvenaria de tijolo, lajes em betão armado, estrutura de suporte em metal, argamassa de cal, cal branca e com pigmento de óxido de cobalto, cimento, madeira de pinho e de ácer, vidro, painéis de viroc, pedra mármore de lioz e de Trigaches, poliestireno, azulejo, alcatifa, tijoleira, vinílico, tecidos, telha, ferro forjado
Observações