Arquitectura religiosa, românica, maneirista, barroca e do séc. 20. Igreja paroquial de fundação tardo-românica, com planta rectangular composta por nave, capela-mor, capela lateral e sacristia seiscentistas adossadas à fachada lateral esquerda e torre sineira, também seiscentista, no lado direito. Possui coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, a da nave recente e rebocada e pintada e a da capela-mor barroca, em caixotões pintados, escassamente iluminada por festas e janelas em capialço rasgasdas nas fachadas laterais. Fachada principal em empena, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal escavado em arco apontado e várias arquivoltas, encimado por amplo janelão em arco de volta perfeita. Fachadas rematadas em cornija, as laterais sustentadas por cachorradas e rasgadas por portas travessas em arcos de volta perfeita. Interior com a nave reformada no séc. 20, apresentando um simples nicho e o acesso à capela lateral. O arco triunfal mantém a sua decoração setecentista, com retábulos de talha dourada do estilo nacional, que se prolongam pelo arco triunfal, revestindo-o na totalidade. A capela-mor, seiscentista, encontra-se revestida a azulejo de tapete e possui retábulo de talha dourada maneirista, de planta recta, dois andares e três eixos, com apainelados pintados e com enorme sacrário em forma de templete.
Planta rectangular composta por nave, capela-mor e adossadas à fachada lateral esquerda, a Capela de Santo Tirso e a sacristia, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma (sacristia) e duas águas. Adossada à fachada lateral direita, a torre sineira de planta quadrangular e cobertura em coruchéu piramidal em cantaria. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, rematadas em cornija, assentes em cachorrada no corpo da nave, e com friso e cornija na capela lateral, esta com cunhais apilastrados firmados por pináculos fusiformes. Fachada principal voltada a O. rematada em empena, com cruz de Malta inscrita em círculo. É rasgada por portal escavado em arco apontado, composto por quatro arquivoltas assentes em impostas salientes, decoradas por toros e esferas. Sobre este, ampla janela em arco de volta perfeita. No lado direito, a torre sineira de dois registos separados por cornija, o inferior cego e o superior rasgado por quatro ventanas de volta perfeita. Fachada lateral esquerda rasgada por fresta e tem vestígios de uma porta travessa entaipada. O corpo da capela lateral possui, na face O., uma porta de verga recta, tendo, nas faces E. e O., janelas rectangulares com molduras salientes de cantaria e protegidas por grades. No corpo da sacristia, porta de verga recta. Fachada lateral direita com porta travessa de verga recta truncada nos ângulos, sublinhado por duplo arco de volta perfeita. Adossadas à nave, as escadas de cantaria de acesso à torre sineira, através de porta de verga recta. Fachada posterior em empena, rasgada por pequena fresta e com cruz no cértice. No lado direito, o corpo da sacristia, em meia-empena e com janela rectilínea. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, assente em em cornija de madeira pintada de branco e com tirantes de madeira do mesmo material e cor, com pavimento em soalho. No lado do Evangelho, nicho de volta perfeita com o fundo de madeira, contendo imaginária. Sucede-se a Capela de Santo Tirso, com acesso por arco de volta perfeita protegido por grades de ferro. Tem interior rebocado e pintado de branco, com pavimento de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco. Sobre supedâneo de dois degraus, a mesa de altar e, na parede testeira, estrutura em cantaria de granito onde se integra um sacrário e a imagem do orago. No lado da Epístola, porta de verga recta, de acesso à sacristia. Arco triunfal de volta perfeita revestido a talha dourada com o intradorso apainelado formando módulos de rosetões e acantos, que se repetem em módulos de maior dimensão sobre o arco, interrompidos ao centro por um painel a representar Cristo Redentor. A estrutura é flanqueada por retábulos colaterais semelhantes, dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e ao Crucificado, ambos de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, com nicho de volta perfeita ao centro, rematando em friso de acantos e cornija; sobre estes, um segundo andar do retábulo, mais estreito, ladeado por colunas torsas, rematando em friso e cornija, contendo apainelado pintado, emoldurado por arquivolta de acantos. O painel do lado do Evangelho representa Nossa Senhora do Pilar, não existindo o do lado oposto. Altares paralelepipédicos, com os frontais apresentando sebastos e sanefas, com o pano ornado por enrolamentos, querubins e concheados, que centram as iniciais "IHS". Elevada por um degrau, a capela-mor revestida a azulejo de padrão policromo, azul, branco e amarelo, formando uma padronagem de 2X2, (P-251), envolvida por friso de entrelaçados (F-1) e cercadura (C-78). Tem pavimento em lajeado de granito e cobertura em caixotões pintados envolvidos por molduras pintadas e de talha, as primeiras formando acantos sobre fundo vermelho, a imitar o lacado. As pinturas representam cenas da vida da Virgem. No lado da Epístola, vários assentos para os celebrantes e pia baptismal em cantaria de granito, com coluna circular e taça facetada. Na parede testeira, retábulo-mor de talha dourada e planta recta, com três eixos e dois andares definidos por frisos de querubins e cornijas; os eixos são definidos por duas ordens de colunas de capitéis coríntios e fuste espiralado com o terço inferior ornado por grotesco, as inferiores assentes em plintos paralelepipédicos com as faces decoradas por acantos e querubins. O eixo central possui, no topo, pequena tribuna com trono expositivo de cinco degraus, tendo o fundo de apainelados com o central decorado por resplendor e os laterais com anjos, possuindo intradorso em caixotões de talha. Na base, enorme sacrário em forma de templete facetado com colunas de fustes ornados por acantos e querubins, que sustentam o remate em friso e cornija; na face central, a porta do sacrário representando a Ressurreição de Cristo, encimado por um pequeno nicho; as faces laterais possuem apainelados de volta perfeira, rematados por frontões semicirculares interrompidos. Os eixos laterais possuem apainelados em arco de volta perfeita no andar inferior, surgindo, no superior, painéis pintados rectilíneos, a representar São João Baptista (Evangelho) e São João Evangelista (Epístola). Altar paralelepipédico com o frontal decorado por acantos e cartela contendo a sigla "IHS", ladeado por banco de madeira simples. A Casa da Tribuna possui vestígios de pinturas murais. No lado do Evangelho, a sacristia com paredes rebocadas e pintadas de branco, tecto de madeira e pavimento em lajeado de granito, contendo arcaz de madeira e lavabo com espaldar rematado por cornija e encimado por frontão triangular, sobrepujado por cruz latina ladeada por pináculos; ao centro, bica em forma de carranca, que verte para taça rectangular com bordo duplo, saliente e boleado.
Materiais
Paredes exteriores e interiores em alvenaria de granito aparente pelo lado exterior e com acabamento a reboco estanhado do lado interior; revestimento das paredes da capela-mor a azulejos azuis, brancos e amarelos; pavimento em soalho de madeira na nave e capela de Santo Tirso; pavimento em lajeado de granito na sacristia; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro de aba e canudo com chapas de isolamento; tecto estucado na Capela de Santo Tirso; tecto em madeira de masseira na sacristia; tecto em caixotões pintados na capela-mor; tecto em madeira pintado na nave; aros das janelas e portas em aço inox; portas exteriores em madeira envernizadas pelo lado exterior e pintadas pelo interior; caixilharias das frestas em aço inox com vidro transparente; grades das janelas em ferro forjado pintado.
Observações
*1 - A Rota do Românico do Vale do Sousa inclui 19 imóveis: Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios (v. PT011311100010), Igreja de Gândara (v. PT011311040009), Igreja de São Gens de Boelhe (v. PT011311020008), Igreja de Abragão (v. PT011311010015), Memorial da Ermida (v. PT011311150005), Capela da Senhora do Vale (v. PT011310080004), Igreja de São Pedro de Ferreira (v. PT011309050001), Ponte de Espindo (v. PT011305130009), Ponte de Vilela (v. PT011305020008), Igreja de Aveleda (v. PT011305020004), Torre de Vilar (v. PT011305260005), Igreja de Santa Maria de Airães (v. PT011303020007), Igreja Matriz de Unhão (v. PT011303280004), Igreja de São Vicente de Sousa (v. PT011303260008), Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde (v. PT011303330020), Igreja de Paço de Sousa (v. PT011311220003), Igreja de Cete (v. PT011310080001) e Mosteiro de Pombeiro (v. PT011303150001). *2 - Mário Barroca discorda desta leitura e defende que a placa datará do séc.16. *3 - de acordo com informação do Dr. Miguel Rodrigues (IPPAR) as escavações realizadas de 1991 a 1993 permitiram identificar a ábside de um edifício provavelmente de planta cruciforme e que poderá datar do período suevo-visigótico (séc. 07); foram também detectadas estruturas relacionadas provavelmente com um conjunto conventual (Mosteiro de Santo Tirso) existente nos séculos 11 / 13.