Estabelecimento de ensino projetado e construído entre finais do séc. 19 e inícios do séc. 20, profundamente marcado pela sua função como instituição de ação social, apresenta uma arquitetura essencialmente funcionalista, o que se pode comprovar sobretudo nos edifícios das oficinas e das camaratas. As campanhas revivalistas ocorridas no Mosteiro dos Jerónimos estenderam-se também a alguns edifícios do colégio, como o ginásio e o corpo da antiga cozinha de 1883, de gosto neomanuelino. O Pavilhão Rosa pode-se inserir no grupo do novo modelo de arquitetura escolar dos anos 10 do séc. 20, bastante difundido por Ventura Terra. O ginásio antigo foi um dos primeiros edifícios construídos de raiz em Portugal para a prática de Educação Física, apesar de ter tido diversas utilizações ao longo do tempo, nomeadamente como Sala de Banhos e Salão de Festas.
O complexo arquitetónico é constituído por um conjunto de edifícios construídos essencialmente no final do séc. 19 e inícios do séc. 20, atestando a própria evolução e expansão do colégio pelos terrenos que compunham a cerca do mosteiro. É composto por um edifício principal onde funcionam os serviços administrativos do colégio, o Pavilhão Rosa e edifício da antiga Biblioteca, a oeste, o edifício das Camaratas, a norte, onde se encontra instalado, na ala este, o Centro Cultural Casapiano, e nas restantes alas as instalações do colégio, cinco lares / residências para alunos internos *3, edifícios e oficinas para ensino técnico - profissional e curricular e dois pavilhões gimnodesportivos, sendo o mais recente denominado Pavilhão Januário Barreto *4. O edifício principal, de planta em "L", organiza-se em torno de um pátio a norte do mosteiro, conhecido como Pátio das Malvas, é composto por quatro corpos de dominante horizontal. Ao corpo original de planta retangular, voltado para a Rua dos Jerónimos, foram adossados outros três corpos; dois a oeste, que se traduzem num mais pequeno encostado à parede da Sala do Capítulo do mosteiro, seguido de um maior, adossado a todo o comprimento, resultante da remodelação e ampliação de um recreio coberto, e a norte um corpo retangular, denominado Pavilhão Margiochi. Fachadas de pano murário compostas por vãos alinhados. Fachada principal orientada a este, com três registos; no primeiro, semi-enterrado, a norte, porta de acesso sul às capelas mortuárias, no segundo, duas portas encimadas por bandeira arqueada, sendo a central de acesso ao Secretariado Paroquial, e a que se encontra a norte de acesso ao colégio. Fachada oeste com pano murário avançado ao nível do primeiro registo, a sul, e recuado no segundo. O resto do alçado apresenta quatro registos; o primeiro marcado por fileira de portas alpendradas de acesso ao pátio, segundo registo composto por vãos rasgados verticalmente e último registo ao nível da cobertura. Fachadas do Pavilhão Margiochi ritmada por vãos, com três registos e acesso por porta alpendrada ao centro do alçado sul. INTERIOR: ala sul do corpo original, com capelas mortuárias na cave, com acesso ao claustro do mosteiro. Nos pisos superiores existe uma biblioteca e diversos gabinetes. Acesso principal do colégio feito a partir de um pequeno átrio onde se encontra a receção, ligado por pequeno corredor de circulação a um vestíbulo com escada de acesso aos vários pisos. O acesso ao interior do Pavilhão Margiochi é feito por um vestíbulo com escada de acesso aos vários pisos, ladeada por dois corredores de circulação, em sentido oposto, de acesso às várias salas de aula e ao corpo original. No lado oeste do Pátio das Malvas encontra-se o Pavilhão Rosa *5, de planta retangular e volumetria paralelepipédica. Os alçados apresentam três registos, rematados por estreita platibanda precedida de friso composto por mísulas. Pano murário rasgado por vãos retangulares com bandeira e moldura em cantaria, ritmados segundo uma estruturação vertical. Fachada principal a este, rasgada por janelas tripartidas sobre pequenas frestas, demarcada ao centro por porta encimada por ornato esculpido em cantaria [CLASSES], ladeada por placa e sineta ao nível do primeiro piso e superiormente janelas bipartidas. Fachadas norte e sul com janelas quadripartidas sobre pequenas frestas. Fachada oeste rasgada por janelas tripartidas, com acesso a sul por porta precedida por escadaria encimada por janelas bipartidas nos registos seguintes. A esta fachada encontram-se adossados, a sul, o edifício da antiga biblioteca, e a norte, o ginásio antigo. A biblioteca apresenta planta retangular, de volumetria horizontal, com cobertura em telhado de três águas. Os alçados, de traça idêntica à fachada do refeitório do mosteiro, apresentam três registos, com remate em cornija nas fachadas norte e oeste, com pinha de cantaria nos extremos. A fachada principal, a oeste, dispõe de janelas de bandeira emolduradas por arcos de volta perfeita. No segundo registo janelas de sacada com guarda encimadas por pequenas janelas. O ginásio apresenta planta composta por dois corpos. Um grande corpo retangular adossado ao Pavilhão Rosa, a que se adossa um pequeno corpo quadrado a oeste. Volumetria de dominante horizontal, com cobertura em telhado de três águas (corpo quadrado) e em telhado de quatro águas (corpo retangular). Fachadas de um registo no corpo retangular, com janelas basculantes emolduradas por arcos de volta perfeita, coroados por platibanda ritmada por pináculos, e de dois registos no corpo quadrado. Fachada principal, a sul com dois pórticos de acesso ao interior. Na fachada oeste, nicho em arco perfeito decorado por azulejos com estátua da Rainha Santa Isabel ao centro. Acesso principal ao interior através do corpo quadrado, composto por vestíbulo de distribuição aos balneários, existentes nos dois pisos, e ao ginásio, constituindo este um espaço único, apresentando na parede oeste silhar e escudo da Casa Pia. O teto dispõe de travejamento de madeira. O edifício das Camaratas apresenta planta em U de volumetria de dominante horizontal; um corpo retangular a norte, ao qual se adossam, a sul, dois corpos idênticos organizados em torno de pátio interior *6. Estes corpos são separados por um outro pátio, aberto a sul, denominado Pátio 3 de Julho. Cobertura em telhado de três e quatro águas. Acima da cobertura, colocados a todo o comprimento dos braços do edifício, existe um sistema de ventilação coberto por pequeno telhado de duas águas. Alçados rematados por platibanda ameada, exceto nos alçados sul e alçados virados para os pátios, cujo remate é feito por estreita platibanda e cornija. Fachada principal, a norte, com dois registos, sendo o primeiro semi-enterrado, a oeste com pequenas janelas e duas portas de acesso ao interior, e o segundo ritmado por grandes vãos verticais emoldurados por arcos abaulados, com várias portas a este. Nos topos da fachada quatro pequenos torreões circulares, dois de cada lado entre janelas, ameados e coroados por semi-esfera. Fachadas este e oeste, também com dois torreões respetivamente nos topos norte. O alçado este apresenta dois registos, estando o primeiro semi-enterrado. É rasgado por grandes janelas basculantes emolduradas por arcos abaulados e por óculos existentes entre os registos e entre as janelas. Acesso ao interior, no segundo registo, por três portas, ao centro, ladeadas por fosso. Fachada oeste com três registos, ritmada por vãos regulares, com óculos entre as janelas do terceiro registo. Acesso por várias portas no primeiro registo, com alpendre a todo o comprimento. Fachadas este e oeste dos dois pátios laterais com volume, ao centro, destacado e rebaixado. No pátio este panos murários envidraçados e destacados e quatro volumes retangulares ao nível da cobertura no alçado este. Acesso ao interior do Centro Cultural Casapiano pelo alçado virado para a Rua dos Jerónimos. Esta ala apresenta cinco pisos, sendo dois deles cave. Grande vestíbulo central, com receção ao centro e galeria atrás com escadas helicoidais nos extremos, ladeada por elevadores panorâmicos. O vestíbulo é percorrido superiormente por galerias, uma por piso. Na ala sul situa-se o Museu *7 e na ala N. a Biblioteca "César da Silva" *8. Por detrás do elevador norte existe uma escada de acesso aos vários pisos. Tanto a ala sul como a ala norte são rasgadas por grandes vãos entre os pisos. No vestíbulo e na biblioteca as galerias são aparentemente suportadas por colunas campaniformes. Na zona do museu, a sala denominada de Sala dos Reis, tem duplo pé direito, com passadiço superior e escada, ao centro, de acesso ao piso inferior. No topo sul escada de acesso aos pisos superiores. No último piso, onde se encontra o espaço de exposições temporárias, existem quatro ateliês com mezanino. No primeiro piso da cave existe zona para exposição e cafetaria, com acesso ao pátio este. Pelo segundo piso da cave acede-se ao auditório Rainha Santa Isabel. O resto do edifício das Camaratas é utilizado como salas de aula, com entrada para os pavilhões J. Franco Dias e Artur A. Bivar, respetivamente, nos alçados este e oeste, do Pátio 3 de Julho. O topo norte deste pátio dá acesso ao espaço da antiga despensa, cozinha e refeitório. O acesso é feito por pequeno corredor de circulação, com duplo pé direito, que liga à antiga despensa, no segundo piso, hoje bar, e à cozinha e refeitório. Este último situado no piso superior, apresenta paredes revestidas por painéis *9. A oeste do edifício das Camaratas, separadas pelo Pátio da Bandeira e por arruamento, encontram-se diversas oficinas, constituídas por vários blocos dispostos longitudinalmente. As oficinas apresentam cobertura em telhado de duas águas, com sistema de ventilação acima da cobertura idêntico ao do edifício das Camaratas. Os alçados rematados por platibanda e empena nos extremos são ritmados por grandes janelas basculantes emolduradas por arcos abaulados em cantaria e tijolo de burro. A norte encontra-se outro bloco de oficinas, cuja traça é idêntica às anteriores.
Materiais
Betão armado, fibrocimento, alvenaria hidráulica, alvenaria de pedra, cantaria de lioz, basalto, marmorite, tijolo, tijolo de burro, ferro, latão, zinco, mosaico, azulejos, telha mourisca, telha "Marselha", madeira de pinho, madeira de casquinha, vidro.
Observações
*1 - Nos jardins do Colégio de Pina Manique existe uma estátua que era para ser colocada no corpo central da alpendrada sul do Mosteiro dos Jerónimos, designada Estátua da Caridade, da autoria de Simões de Almeida, Tio; *2 - Na mina existe uma capela com o orago de Nossa Senhora Auxiliadora; *3 - Lares Martins Correia e Maldonado Gonelha (situados na antiga enfermaria), Augusto Poiares, Alfredo Soares e Gil Teixeira Lopes (antiga casa do director); *4 - A norte encontra-se um campo de jogos conhecido como Campo da Jorra (antigo Estádio Patroa); *5 - O edifício encontra-se em obras pelo que apresenta apenas os alçados exteriores; *6 - O pátio oeste designa-se por Pátio das Ratas e o este por Pátio dos Surdos-Mudos; *7 - As obras que constituem o museu resultaram da recolha e doação de inúmeros benfeitores e casapianos, tais como: Francisco Margiochi, Joaquim Porfírio, António do Couto, Francisco dos Santos, Raul Carapinha, Pedro Guedes, Eduardo Romano e Raul Xavier; *8 - A biblioteca dispõe de um acervo de documentos desde o séc. 16 até ao séc. 20. Os livros são provenientes da antiga biblioteca do Mosteiro dos Jerónimos e de doações efectuadas por Ayres de Carvalho (núcleo original), Francisco de Carvalho e Luz Soriano; *9 - Painéis com cenas do milagre das rosas e multiplicação dos pães; *10 - Iniciam-se apartir desta data um longo processo de obras de remodelação e construção no Mosteiro dos Jerónimos, impulsionadas até ao inicio do séc. 20 pelos directores da Casa Pia; *11 - Este pavilhão veio a ser mais tarde dividido nas salas Garrett, Herculano, João de Deus e Castilho; *12 - O projecto inicial previa a extensão do edifício até à parede norte mosteiro, eliminando as construções aí existentes; *13 - A biblioteca encontrava-se anteriormente numa sala sobre a sacristia do mosteiro.