Arquitectura recreativa. Quinta de caracterização estilística manuelina, renascentista e barroca. Quinta de recreio com funções marcadamente recreativas, associada a habitação e contendo palácio, edifícios de apoio, jardins, pátios e mata. Apresenta elementos arquitectónicos destinados ao lazer ou ornamentação como bancos, conversadeiras, muros de suporte onde se inserem alegretes e jogos de água com caleiras e tanque de rega. A quinta encerra e si a memória de várias épocas da história. A mais antiga é Anta da Pedra de Mouros, pertencente ao conjunto da Estação neolítica do Monte Abraão, considerada, pelo menos desde o séc. 19, uma das mais antigas da Península Ibérica; O palácio e os seus jardins transparecem as atitudes fortes que levaram ao seu percurso no tempo, por um lado na sobreposição de intervenções e por outro na persistência de uma unidade. A vegetação é também muito marcante como é o caso dos 16 plátanos centenários da alameda junto ao palácio, das alamedas de Buxos em porte de árvore e formando um túnel com mais de três metros de altura, do Teixo secular (Taxus baccata var fastigiata) e da mata primitiva circundante da capela. A presença régia está ainda fortemente assinalada pelo grandioso Oblisco dos "Regentes". Todos estes elementos fazem da quinta do Senhor da Serra uma peça fundamental da paisagem humanizada em Portugal.
Parcialmente murada, apresenta três zonas distintas, uma zona plana, uma mais acidentada e um planalto. A zona plana é atravessada pelo rio Jamor e pela ribeira de Belas e corresponde à zona de vale, entre a antiga estrada real e uma elevação calcária pouco elevada mas muito inclinada. Junto ao aglomerado urbano, no ponto mais alto da várzea localiza-se o palácio e os respectivos jardins. A N. do palácio (v. PT031111040018) situa-se a zona de jardim mais antiga, medieval, existindo actualmente, apenas um chafariz renascentista com taça alinhado com a porta e corredor do palácio. A sul fica o jardim assimétrico de buxo talhado formando canteiros irregulares em volta de um canteiro central circular com uma peça de água ao centro. Alguns dos canteiros contém espécies herbáceas, como as salvias, e outros, árvores exóticas. No ponto de estrangulamento do vale, numa das alamedas principais da quinta encontra-se o "Oblisco dos Regentes". Este monumento tem uma forma piramidal com 9m de altura assente sobre três degraus e acima da inscrição evocativa da visita dos príncipes regentes está uma escultura que representa a Fama e, antes de ser vandalizada, tinha na mão um escudo com as figuras de D. João e D. Carlota. A pirâmide é interceptada a meio por uma pedra que tem em cada uma das quatro faces uma inicial "j", "C", "A", "M", que correspondem aos nomes dos dois príncipes regentes e dos seus dois filhos mais velhos. Sobre o Oblisco passa o viaduto da CREL que absorve a escala do monumento. A várzea é rematada por uma encosta com mata, ainda representativa da floresta primitiva, de grande riqueza florística onde surgem caminhos estreitos e sinuosos. Um destes conduz a uma clareira com uma mina de água onde se inicia a Via Sacra, numa escadaria de pedra em que se situam espaçados nichos com bancos laterais. Quase no topo da colina aparece a capela do Senhor da Serra, vandalizada e em acentuado estado de degradação. No cimo do planalto, de onde se obtém uma vista global sobre o vale, situa-se a Anta da Pedra de Mouros. A apenas alguns metros, mesmo no limite da propriedade, iniciam-se as construções urbanas. Numa zona plana, afastada do Palácio e com saída para a vila, localiza-se o centro equestre e um conjunto de construções remodeladas e adaptadas à realização de eventos sociais e desportivos.
Materiais
Material Vegetal: Plátano (Platanus hybrida), Buxo (Buxus semperviriens), Teixo (Taxus bacata), Buganvília (Bouganvilea glabra), Castanheiro-da-índia (Aesculus hippoastanum), Magnólia (Magnolia grandiflora), Lagestroemia (Lagestroemia Indica), Cica (Cyca revoluta), Carvalho cerquinho (Quercus faginea), Carrasco (Quercus coccifera), Medronheiro (Arbutus unedo), Aderno de folhas largas (Philyrea latifolia), Aroeira (Pistacia lentiscus), Folhado (Nerium Oleander), Pilriteiro (Crataegus monogyna), Sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus); Inertes: alvenaria e calcário.
Observações
*1 - DOF: Quinta do Marquês, em Belas, incluindo o palácio e ainda uma capela abobadada, duas fontes decorativas, um obelisco erguido a D. João VI e a capela do Senhor da Serra, existentes nos jardins da mesma quinta. *2 - Um dos assassinos de D. Inês de Castro