Igreja paroquial maneirista e barroca com fachada com torre sineira adossada; interior de uma nave com tecto em madeira, capela-mor abobadada; espacialidade postridentina. Barroco: empena da fachada principal de perfil movimentado, remate bolboso da torre sineira.
Planta longitudinal composta, nave e capela-mor justapostas, a que se adossam anexos a N. e a S.. Volumes escalonados com cobertura diferenciada em telhados de 2 e 1 águas. Fachada principal virada a E. de pano único enquadrado por cunhais apilastrados e rematado por empena moldurada de perfil contracurvado; portal axial com lintel arquitravado encimado por janela com frontão em pagode; a N. adossa-se a torre sineira, com cúpula bolbosa, enquadrada por cunhais apilastrados e rasgada por ventanas de verga redonda, com pináculos nos vértices. Na fachada lateral S. os volumes salientes dos anexos, vazados por uma porta e janelas rectangulares molduradas. Na fachada lateral N. a parede da nave rasgada por portal com lintel arquitravado (com a data inscrita de 1762) encimado por janela de verga rectangular, ambas com brincos nas ombreiras; o balanço de uma capela com frontão triangular ponteado por pináculos e cruz; a parede da capela-mor rasgada por janela rectangular. Fachada posterior com empena angular, enquadrada por cunhais apilastrados com pináculos em remate. INTERIOR - nave coberta por tecto em madeira de 3 planos longitudinais, coro alto com sacada em ferro, apoiado em colunas toscanas, guarda-vento em vidro; silhar de azulejos de padrão neo-barroco em torno da nave; em cada um dos alçados laterais rasgam-se capelas face a face, antecedidas por arcos semicirculares com pedra de fecho sobre pilares toscanos; a capela do lado da Epístola mostra retábulo neo-clássico em madeira marmoreada; arco triunfal de arco em asa de cesto, com pedra de fecho e pilastras toscanas, com um vão que acompanha a largura da capela-mor. Esta tem abóbada de berço redondo com caixotões apoiada em cimalha moldurada; retábulo em talha dourada de estilo nacional rasgado por tribuna; na parede S. porta com lintel arquitravado de acesso à sacristia.
Materiais
Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e caiada. Cantaria em molduras, colunas, pilares, pavimentos. Telha cerâmica. Azulejos em revestimentos internos.
Observações
(1) Em 1758 a igreja tinha altar-mor em talha dourada com a imagem do orago na tribuna, além das imagens do Menino Deus e de São José; em 2 peanhas no mesmo altar as iamgens de Santa Luzia e Santa Margarida; no altar colateral do Evangelho a imagem do Divino Espírito Santo, a quem era dedicado o altar, e as imagens de São Miguel e São Sebastião; aqui tinha sede a confraria do enterro dos habitantes dos Outeiros, com capelão próprio; do lado do Evangelho existia ainda a capela de Nossa Senhora do Rosário, onde tinha sede a irmandade de Nossa Senhora do Rosário e a das Almas, com capelão; o altar colateral da Epístola era dedicado a Santo António, com confraria do mesmo nome e tinha as imagens de Santo António, São Brás e São Francisco; do mesmo lado existia a capela de Nossa Senhora da Graça, com a irmandade do enterro dos moradores de Fungalvaz, com capelão. Esta confraria era proprietária de uma albergaria em Fungalvaz que dava guarida a viajantes pobres. Na freguesia existiam ainda 5 ermidas: no lugar de Moreiras Grandes, com um altar dedicado a Nossa Senhora da Conceição, instituída pelo capitão António Gonçalves, das Moreiras Grandes e administrada por Ana Maria, dos Vargos; no lugar de Fungalvaz, com um altar dedicado a Nossa Senhora da Graça; no Carvalhal do Pombo com um altar dedicado a São João Baptista; no Outeiro Grande, com um altar dedicado a Santo Estêvão; finalmente no lugar do Outeiro Pequeno, com um altar dedicado a São João Baptista. (2) A igreja era anexa à igreja matriz do Salvador, na vila de Torres Novas, e era das mais antigas do termo daquela vila. Em 1760 a freguesia constava de 273 fogos, com 926 moradores.