Portal Nacional dos Municípios e Freguesias

Castelo e cerca urbana de Mértola

Castelo e cerca urbana de Mértola

O ponto de interesse Castelo e cerca urbana de Mértola encontra-se localizado na freguesia de Mértola no municipio de Mértola e no distrito de Beja.

Castelo gótico erguido no final do século 13, pelos cavaleiros da Ordem de Santiago para servir de sede ao ramo nacional da ordem logo após a sua autonomização face a Castela, sucede cronologicamente a estruturas castrejas: um reduto da Idade do Ferro, um "castellum" romano e um alcácer dos períodos omíada, almorávida e almóada. Compreende alcáçova formada por castelo de elevação, de planta irregular, ligeiramente trapezoidal, e panos verticais, reforçados por torres quadrangulares nos seus quatro ângulos: a de Menagem, localizada no ângulo norte, de planta quadrada, saliente em relação aos panos da muralha e de altura muito superior às restantes; a Torre Carocha, a sudoeste, e a Torre do Alcaide Pequeno, a sudeste, ambas de planta quadrada; duas torres a ladear a porta principal, a nordeste, uma quadrangular e outra circular; e a Torre do Bastião da Entrada, também de planta quadrada, no extremo norte do castelo. Das suas edificações intramuros resta apenas a cisterna de planta retangular, com 10 metros de comprimento, por 4,5 de largura e 4,2 metros de profundidade, coberta por abóbada de berço apoiada em três arcos torais suportados por pilastras. Comporta ainda parte da cerca muralhada, que envolvia a povoação, e que era rasgada pela porta da Misericórdia, sobre o Guadiana (a única que persiste), a porta da Vila, do lado norte, e pela porta do Buraco sobre a ribeira de Oeiras. A alcáçova inclui algumas reminiscências da anterior construção mulçumana, como será o caso da dupla porta de entrada em forma de cotovelo, herança do antigo alcácer dos períodos omíada (primeira porta, virada a norte, ladeada por duas torres) e almóada (nova porta, virada a nascente, também ladeada por duas torres), no entanto, é de crer (BOIÇA: 2018, p. 43) que as soluções formais que permitem a delimitação do seu perímetro e a regularização do seu espaço intramuros datem já do período cristão, nomeadamente do gótico dionisino, o que é constatável nas suas duas torres sul (Torre do Alcaide Pequeno erguida sobre forte embasamento escalonado e a Torre Carocha sobre plataforma artificial contrafortada que elevou e regularizou o plano de assentamento), ou na sua imponente Torre de Menagem, edifício de dupla funcionalidade (residencial e militar) erguida em posição saliente, no limite do afloramento para norte e ocidente. É, aliás, a Torre de Menagem um exemplo da fortificação gótica, esta, com quase 30 metros de altura, desenvolve-se em três registos, sendo o primeiro formado pelo seu forte embasamento que serve de contraforte à estrutura construtiva, o segundo, com acesso a partir do adarve, por porta em arco quebrado, encimada por lápide fundacional, apresenta os seus panos rasgados por seteiras e, ao nível, do segundo piso por três matacães, sendo encimado por parapeito ameado com merlões prismáticos rematados por seteiras. Comporta, interiormente, sala de armas no primeiro piso, de elevado pé-direito, coberta por abóbada de cruzaria de ogivas de oito panos, que assenta em pilastras erguidas na projeção das nervuras; sendo, o piso superior inicialmente destinado aos aposentos do alcaide.

Planta poligonal irregular, ligeiramente trapezoidal, reforçada por torres nos quatro ângulos: a de Menagem, localizada no ângulo norte, de planta quadrada, saliente em relação aos panos da muralha; duas do lado sul, a Torre Carocha, a sudoeste, e a Torre do Alcaide Pequeno, a sudeste, ambas de planta quadrada, a última mais saliente; duas a ladear a porta principal, a nordeste, uma quadrangular e outra circular, as torres da Porta; e a Torre do Bastião da Entrada, também de planta quadrada, no extremo norte do castelo; e, a ocidente, rasgada na muralha a seguir à Torre de Menagem, protegida por barbacã, a porta da traição, ou porta falsa. A muralha, envolvida em parte do circuito por adarve, é vertical, reforçada junto à torre sudoeste por largo contraforte de vários andares. Torre de Menagem, com c. de 30 metros de altura, desenvolvida em três registos, o primeiro dos quais, cego, serve de sapata à torre, o segundo, com acesso a partir do adarve, por porta em arco quebrado, encimada por lápide com a inscrição: ESTA TORE MANDOV FAZER DOM JOÃO FERNANDES PRYMEIRO MESTRE DA ORDEM EN PORTUGAL ERA MCCCXXX [ano de Cristo de 1292], abrindo para escada encostada ao seu pano sudeste, várias seteiras garantem-lhe a entrada de luz, sendo o último piso rasgado por três mata-cães e encimado por parapeito ameado com merlões prismáticos rematados por pirâmides; interiormente apresenta um pequeno átrio de entrada e dois pisos que comunicam a partir de uma escada rasgada na espessura da parede sul; sala de armas no primeiro piso, de elevado pé-direito, coberta por abóbada de cruzaria de ogivas de oito panos, que assenta em pilastras erguidas na projeção das nervuras; o piso superior era inicialmente destinado aos aposentos do alcaide. A Torre de Menagem comporta hoje um núcleo museológico. A torre virada a sudoeste, Torre Carocha, uma massa cúbica com 4,70 metros de lado, tem acesso por escada que parte do adarve, é coberta por terraço e rasgada por porta e janela; no interior, apresenta um espaço coberto por cúpula hemisférica sobre trompas; a Torre do Alcaide Pequeno, no canto oposto, sudeste, assente sobre forte embasamento escalonado era servida de dois pisos, o segundo servido por janela voltada à vila, esta torre e as que ladeiam a porta de entrada, com diferentes volumes, a da esquerda prismática, a da direita semicilíndrica, não sobem acima da muralha; por último, no limite norte, a Torre do Canto, a de maior porte a seguir à Torre de Menagem, e que, juntamente com esta, guardava o flanco norte, o mais exposto às tropas inimigas. No recinto resta a cisterna, de planta retangular, com 10 metros de comprimento, por 4,5 de largura e 4,2 metros de profundidade, coberta por abóbada de berço apoiada em três arcos torais suportados por pilastras. A muralha que envolvia a povoação deixa ainda adivinhar a sua forma subretangular, alongada no eixo norte-sul, com panos reforçados por torres de planta quadrangular: um grande troço do lado norte, a maior parte da muralha que se estendia para sul, após a Torre da Carocha e parte da muralha virada para o Guadiana. Das antigas portas da cerca resta a da Misericórdia, no caminho de acesso ao rio.

Materiais

Alvenaria de pedra e tijolo, cantaria, taipa

Observações

*1 - O Castelo de Mértola foi inicialmente classificado como Imóvel de Interesse Público.