Arquitectura funerária, renascentista (capela-mor). Capela panteão. Igreja paroquial de planta longitudinal com nave única do séc. 18 / 19 e capela-mor renascentista. A tumulária parietal segue a estrutura tipológica de Góis, obra para D. Luís da Silveira (1535 / 1536), empreitada na qual trabalharam os mestres da renascença coimbrã. O mesmo se pode afirmar quanto às nervuras tardo-góticas, muito usadas durante o primeiro Renascimento. A decoração filia-se aos "grottesche" italianos. Toda a estrutura posterior (Séc. 18 / 19) comunga de inferioridade estilística.
Igreja de planta longitudinal, composta por um retângulo, ao qual se adossa lateralmente, campanário quadrangular e sacristia. Volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Frontaria simples, com portal coroado por cimalha com nicho superior, albergando estatuária e remate em cruz, duas frestas laterais com lintéis e frontão triangular encimado por cruz e pináculos angulares, correspondendo aos cunhais onde se fixa a ordem arquitetónica. Fachadas marcadas por cunhais laterais e suporte em contrafortes na capela-mor. Torre sineira paralelepipédica, em dois registos, com cobertura cónica onde se inscreve um relógio. A iluminação faz-se lateralmente, por vãos retangulares abertos na nave e pelo coro-alto. No interior, nave única com abóbada de caixotões de cinco fiadas repousada em entablamento corrido decoração em estuque e capela-mor, com abóbada de arestas e cinco chaves decoradas, que arranca de um arco cruzeiro arquitravado. Assente em duas colunas toscas, o coro-alto de estrutura de madeira com balaustrada, tem acesso inferior comum com o campanário - que penetra no interior da nave - com duas portas laterais, púlpito de madeira, e dois retábulos colaterais arquitravados, de talha dourada, unidos por sanefa que decora o arco cruzeiro. A capela-mor alberga quatro arcossólios ligados dois a dois numa estrutura única dividida em dois arcos albergando três urnas e uma estátua orante. Os dois túmulos, à esquerda, têm remate de verga reta e inscrevem três medalhões vazados com bustos, acima dos arcos assentes em quatro colunas balaústres geminadas; os da direita têm pilastras, rasgando-se quatro medalhões entre as arquivoltas e o entablamento e subscrevem dois frontões triangulares, individuais, com medalhão central e decoração exterior em enrolamentos. Superiormente rasgam-se dois janelões chanfrados, de remate semicircular e decoração interior. Na cabeceira, retábulo em talha dourada *2, assente em alto embasamento, com dois registos, predela com pinturas, arco central com sacrário, com colunas compósitas com último terço marcado, estatuária nos intercolúnios, e estrutura superior tripartida, com três tábuas pintadas, com remate central semicircular, aletas e ferragens nos ângulos, correspondendo à ordem arquitectónica inferior duas colunas corintizantes e dois remates piramidais assentes em entablamento interrompido. Tumulária decorada proficuamente com motivos de grotesco - dos fustes das pilastras corintizantes aos frisos do entablamento - sendo o intradorso dos arcos decorado em caixotões, tendo fundos parietais compostos por baixos relevos, imitando uma estrutura tripartida e remates em concha com símbolos heráldicos ou somente emblemática com decoração vegetalista. A ornamentação geral é composta por motivos vegetalistas, antropomórficos, mitológicos e simbologia guerreira, inscrita também no vão rectangular com moldura e remate em concha que dá acesso à sacristia.
Materiais
Paredes de alvenaria e rebocos, cantaria de calcário (cunhais, vãos, tumulária), tijolo (cobertura), madeira (retábulos, púlpito e estrutura suporte do coro).
Observações
*1 - DOF: Igreja da Trofa, compreendendo os túmulos dos Lemos / Panteão dos Lemos. *2 - um dos retábulos de pedra ançanense encontra-se actualmente na capela de Nossa Senhora de Lourdes, enquanto que o actual, do séc. 17, veio do Convento Francisco de Serém, incluíndo tábuas pintadas maneiristas.