Edifício residencial multifamiliar oitocentista. A fachada principal, apresenta vãos alinhados, emoldurados de granito abrindo nos dois pisos superiores, para varanda corrida de granito com guarda de ferro, e apoiada em cachorros. Caixa de escadas ao centro, de dois lanços, com patamares a intercalar e bomba sucessivamente mais larga piso a piso, iluminada por clarabóia.
Edifício de duas frentes de planta trapezoidal. Volume simples com cobertura em telhado de quatro águas apoiado em estrutura de madeira. Destaca-se uma clarabóia de remate cónico em ferro e vidro. Três pisos, sendo o primeiro semi-enterrado. A fachada principal, orientada a N. apresenta vãos alinhados, quatro em cada piso. No 1º piso, embasamento de granito, três portas e uma janela de duas folhas, sendo uma delas de acesso ao 2º e 3º pisos. Os dois pisos superiores, com varanda corrida com guarda de ferro, ligeiramente saliente no 2º, e mais saliente no último e apoiada em cachorros de granito, apresentam portas de duas folhas, emolduradas de granito, entre pilares da mesma pedra. A rematar, cornija saliente de granito, em papo de rola, onde sobressai beiral com caleira contínua. O alçado posterior apresenta respectivamente no segundo e terceiro pisos, duas e três frestas. O INTERIOR do edifício é marcado por uma entrada corredor de acesso a uma escada em L , adossada à parede do vizinho a E. transformando-se numa escadaria de dois lanços com patamares intercalados, com bomba central, progressivamente mais larga e iluminada por clarabóia. A subdividir o edifício em duas partes uma parede de meação em alvenaria de granito é suportada por uma viga e coluna de ferro fundido no 1º piso. Funcionalmente o edifício dispõe no 1º piso de um amplo espaço comercial e nos restantes pisos três habitações, com as cozinhas nas traseiras.
Materiais
Paredes de alvenaria de granito rebocadas no interior e exterior; cobertura em telha cerâmica apoiada em estrutura de madeira; caixilharias em madeira pintada; tectos em estuque e/ou madeira pintados; pavimentos em soalho de madeira; escadaria principal em madeira; grades em ferro pintado
Observações
1499, 14 Março - Carta Régia, de D. Manuel I marca a fundação da Confraria de Santa Maria da Misericórdia do Porto; 1502- instalação provisória da Misericórdia na Capela de Santiago, à Sé;1544 / 1550 - a Casa do Despacho, sede da irmandade é construída na Rua de Santa Catarina das Flores. O principal objectivo da Santa Casa da Misericórdia consistia em fazer cumprir as 14 "Obras de Misericórdia" assim descritas: " ensinar os simples, dar bom conselho a quem o pede, castigar com caridade os que erram, consolar os tristes e desconsolados, perdoar a quem errou, sofrer as injúrias com paciência, rogar a deus pelos vivos e os mortos" consideradas acções "espirituais"; " remir cativos e presos, visitar e curar os enfermos, cobrir os nus, dar de comer aos famintos e pobres, dar de beber aos que hão sede, dar pousada aos peregrinos e pobres, enterrar os finados", consideradas acções "corporais". Entre estas actividades destaca-se a assistência material e jurídica aos presos da Cadeia de Relação. A acção da Santa Casa é sustentada fundamentalmente pelos rendimentos dos prédios urbanos.