Arquitectura militar medieval e arquitectura religiosa, gótica, maneirista e revivalista. Sistema fortificado constitído por castelo medieval e fortificação moderna, do tipo abaluartado. Castelo implantado em zona elevada, composto por alcáçova e barbacã, nalguns pontos com adarve, torres de reforço circulares e quadrangulares, torre de menagem rectangular no muro que separa a alcáçova da barbacã; chanfro das portas e capitéis da torre de menagem característicos do gótico tardio; a alcáçova era inicialmente defendida por um forte dispositivo: circundada em todo o seu perímetro por uma barbacã através da qual se abriam as suas 2 portas, uma junto à torre de menagem, que ainda existe, a porta da Alcáçova, a outra já desaparecida, junto ao muro exterior, a S., defendida por 3 portas sucessivas, através de um caminho em ziguezague, a porta secreta (Almeida, 1943, p. 49, 51, 53 - desenhos de Duarte Darmas). No contexto das Guerras da Restauração, a povoação vai ser envolvida por linha de baluartes e revelins traçada por Nicolau de Langres, constituindo uma fortificação de planta em estrêla, com paredes rampantes, fosso e quatro portas de acesso ao interior, da qual subsistem quatro troços de muralha. Adaptação oitocentista de uma das torres a torre do relógio; igreja conventual de nave única, com coro-alto profundo e galilé rasgada por arcadas. Da muralha árabe que o castelo dionisino incorporou restam vestígios em taipa na torre rectangular junto à porta principal e muro que a liga à torre do relógio e ainda num pequeno troço na muralha N. (Macias, 1986). A torre de menagem situa-se sobre a muralha que separa a alcáçova da cerca; a construção do muro separador da alcáçova responde a um novo modelo de sociedade, acompanhado por crescente militarização do espaço intramuros. Nas imediações do castelo de Moura existem ainda 7 atalaias que reforçavam a sua segurança. A igreja de Santa Maria terá respeitado os muros da mesquita; a capela dos supostos conquistadores de Moura virada a SE. estará no lugar da "quibla" (Macias, 1993, p. 131).
Planta composta por castelo e muralhas. CASTELO: barbacã de planta ovalada (200 x 120 m. de dimensões máximas), ocupando a alcáçova a extremidade SO. da mesma (100 x 50 m. de dimensões máximas). Esta está separada da cerca por pano de muralha, reforçado na parte média pela torre de menagem, rectangular, ladeada por uma outra torre menor, também rectangular (de que apenas subsiste a parte inferior, maciça) e por um cubelo semi-circular próximo da junção com a muralha exterior a N.; a torre de menagem e o cubelo circular do muro da alcáçova mostram merlões prismáticos de remate piramidal; a torre de menagem, maciça na parte inferior, tem no 1º piso uma sala de planta octogonal coberta por abóbada de cruzaria de ogivas, assente em 8 colunas de fuste delgado, a Sala dos Alcaides; é atravessada por um corredor que faz a comunicação com o adarve e do qual parte a escada para o terraço. No encosto do muro da alcáçova com a muralha da cerca restam vestígios de torreões quadrangulares. Na cerca são ainda visíveis alguns panos da muralha, parte da barbacã (do lado N.), uma torre trapezoidal, junto à torre do relógio e 2 torres de planta circular, chanfrada na parte de trás: a torre de Selúquia, a NE., a torre do relógio, a SE.; a torre de Selúquia, semi-destruída, mostra no muro posterior o resto de uma arco idêntico aos que se encontram no seu interior e que acompanhavam a escada para o terraço; a torre do relógio é coberta por terraço rodeado por merlões prismáticos de remate pentagonal; neste assenta um torreão ameado de planta quadrada; é atravessada por um corredor que dá acesso ao terraço. Os panos de muralha são verticais, alguns ainda com o adarve, sem merlões. Das portas que rasgavam a muralha restam: a Porta da Alcáçova, rasgada na muralha que a separa da cerca, entre a torre de menagem e a torre menor a seu lado, em cujo vão se notam restos de um arco em ferradura; a Porta Principal, a SE., em arco levemente quebrado sobre impostas, inscrito em alfiz, dando acesso a um corredor em cotovelo que passa sob o edifício da biblioteca; um postigo, a NO., em arco quebrado na muralha. IGREJA E CONVENTO DE SÃO DOMINGOS - planta composta pelo rectângulo da igreja a que se adossa uma capela lateral a S. e vários compartimentos conventuais quadrangulares, a N. e E.. A igreja é coberta por telhados de 2 águas, o convento não tem cobertura; sineira junto à capela-mor, a N.. A fachada principal da igreja, orientada, com empena rematada por enrolamentos, é rasgada por 2 vãos rectangulares e por 3 arcos de acesso à galilé, coberta por abóbadas de aresta sobre mísulas. Na fachada lateral S. rasga-se um portal de verga contracurvada. Do acesso à portaria do convento resta um portal rasgado no muro, em ruínas, no prolongamento da capela-mor, com as armas da fundadora no tímpano. INTERIOR: nave única coberta por telhado à vista, coro-alto profundo sobre a galilé e parte da nave; do lado da Epístola capela lateral com o túmulo manuelino dos 2 irmãos Pedro e Álvaro Rodrigues, os 2 alegados estrategas da conquista da vila em 1166. Capela-mor coberta por abóbada de berço redondo, abrindo para a nave por arco triunfal redondo sobre pilastras.
Materiais
Castelo - paredes de alvenaria - pedras de talhe irregular dispostas horizontalmente, separadas por fiadas de pedras menores; paredes em taipa. Igreja - alvenaria rebocada e caiada, cantaria, betão, madeira.
Observações
*1 - os troços modernos de muralhas abrangem igualmente a freguesia de Santo Agostinho; *2 - DOF... incluindo as ruínas do Convento das freiras Dominicanas e Igreja anexa; *3 - A vila tem por armas uma torre com uma mulher morta, evocando a moura Salúquia.