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Casa de D. Mécia

Casa de D. Mécia

O ponto de interesse Casa de D. Mécia encontra-se localizado na freguesia de Funchal (Sé) no municipio de Funchal e no distrito de Ilha da Madeira (Madeira).

Casa nobre manuelina de planta composta, com janelas maineladas de arcos de volta perfeita e colunelos centrais de mármore continental, portal quebrado e uma arquivolta, tendo tido tectos mudéjares de grande qualidade, com alguma relação com aos contemporâneos continentais, como o solar da Sempre Noiva.

Planta composta por 2 corpos, um longitudinal e orientado E. / O. sensivelmente, e outro quadrado e adossado para S. confinando com a fachada E. e onde se situam os acessos por alpendre para o antigo andar nobre; para SO existe cisterna e o que parece ter sido a antiga capela do solar junto ao portal de acesso à R. dos Aranhas. Volumes articulados, vestígios da cobertura por telha portuguesa de canudo, com beirais duplos e triplos. Fachada N. com 4 corpos; um cego, para E., com um piso e correspondente a uma área de serviços; um intermédio de 3 pisos e 2 vãos, que correspondeu a uma antiga área de quartos, com porta e janela no piso térreo, par de janelas de boa escala no piso intermédio e mais 2 no superior; segundo corpo intermédio com 2 portas no piso térreo e janela mainelada no piso superior, com 2 arcos de volta inteira outrora assentes em colunelos; e corpo O. com uma porta no piso térreo e grande janela geminada no piso superior, semelhante à anterior, mas com avental de cantaria e decoração cordeada superior. Fachada O. com um corpo avançado a O. onde se inscreve um dos acessos ao andar nobre, com 2 lanços de escadas no sentido S. / N., com importante janela semelhante às anteriores, virada a S., já sem colunelo; grande janela virada a O., assente em avental curto de cantaria, outrora encimada por cordão saliente com 2 pendentes terminados em mísulas tronco-cónicas, de que só existe um fragmento a N.. Fachada a S. dominada pelo que resta do alpendre, com acesso por escadaria na fachada anterior, com balcão em cantaria relevada e portal de arco quebrado e uma arquivolta, em cantaria, com colunelos sobre bases esculpidas e sem capitéis; painel de azulejos revivalistas representando São João do lado direito; janela semelhante às anteriores no corpo seguinte, ainda com o colunelo central de mármore branco, janela de molduras simples no corpo seguinte e, no corpo E., janela com moldura de cantaria, impostas boleadas, lintel em arco abatido e parapeito em avental com duplo rebaixo. INTERIOR degradado e queimado, com o piso térreo cheio de entulho e o piso principal totalmente abatido, somente resistindo parte das paredes onde são reconhecíveis elementos emparedados, principalmente em tijoleira, provenientes das campanhas de obras realizadas ao longo dos tempos. Antigo átrio e jardim ocupado como vazadouro, reconhecendo-se ainda a decoração de ferro forjado da cisterna e a parede do que teria sido a capela. Portal da R. dos Aranhas em cantaria rija regional, com impostas simples e lintel elaborado, com filete intermédio relevado e balanço superior; ao centro com enquadramento por filete relevado, escudo esquartelado com as armas dos Ornelas, Magalhães, Joanes, ou Amaral ou ainda Miranda e Meneses com elmo, sem timbre, e paquife.

Materiais

Cantaria mole e rígida regional aparente, alvenaria de cantaria regional rebocada, mármore, vestígios de madeira ( carvalho e outras ), vestígios de amarrações mistas de tirantes de madeira e de ferro e telha de meio canudo.

Observações

Não foram executados até ao momento estudos mínimos de, prospecção das paredes e levantamento dos rebocos sobre as molduras das janelas, por exemplo, para se estabelecer um concreto estudo do imóvel e das suas épocas de construção. Mas, indubitavelmente, um edifício com uma planta muito semelhante é colocado nesta área, ao lado do convento de São Francisco, na planta de Mateus Fernandes, datável de 1567, o que coloca assim a primitiva construção como anterior aos meados do Séc. 16. Como constatável pela situação actual e pela sequência das fotografias tiradas ao longo dos últimos 30 anos, tem havido propositada acção dos vários proprietários em fazer desaparecer o imóvel, prevendo o projecto do arquitecto Taveira ( 1991 ) a sua demolição pura e simples e o do arquitecto Melim ( 1994 ), a sua demolição para execução de parques de estacionamento enterrado e posterior "reconstrução" em cópia romântica.