Dia Internacional dos Monumentos e Sítios 2020Arquiteturas da água

 

Porto de Mós integra-se, de forma significativa, no Maciço Calcário Estremenho. Aqui, a erosão cársica deu origem a incontáveis galerias subterrâneas, por onde se some a água que só volta a surgir nas orlas da serra.

No território adverso do calcário, a ausência de água à superfície obrigou o homem a múltiplas e engenhosas soluções para captar o precioso líquido, antes que este se infiltrasse no subsolo. Boa parte em consequência do seu caráter utilitário se manter ainda hoje, sobrevivem testemunhos de um tempo que exigia a autossuficiência das pequenas comunidades rurais.

De forma metódica, as águas pluviais eram captadas a partir dos telhados e de afloramentos rochosos inclinados, sendo direcionadas para cisternas. Este sistema hidráulico, bem conhecidos das gentes das serras, deu origem a uma “arquitetura da água” com tipologias muito variadas, resultantes da adaptação das comunidades aos recursos disponíveis em cada sítio.

É do pequeno lugar de Vales (Alqueidão da Serra) o sistema doméstico de captação de águas pluviais retratado. Neste caso, a telha meia cana serve de conduta de água, da captação ao armazenamento.

Descobrir estas arquiteturas da água é um excelente motivo para percorrer caminhos da serra quase esquecidos, mas onde ainda sobrevivem memórias de um tempo ainda recente.

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