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Exposição: Gulbenkian Itinerante chega a Sines

Em 16-03-2019

A Câmara Municipal de Sines e a Fundação Calouste Gulbenkian inauguram, no dia 16 de março, às 16h00, no Centro de Artes de Sines, a exposição “Atravessar Culturas Através dos Tempos | Pontos de Encontro”, integrada no projeto Gulbenkian Itinerante. A exposição fica patente até 9 de junho.

O Museu Calouste Gulbenkian percorre 5000 anos de História. As suas duas coleções, que constituem o património artístico da Fundação Calouste Gulbenkian, integram as obras reunidas por Calouste Sarkis Gulbenkian – a Coleção do Fundador – e o conjunto resultante das aquisições, legados e doações reunido após 1956 na Coleção Moderna. Desde a sua criação, em 1956, a Fundação Calouste Gulbenkian tem partilhado este património através das múltiplas atividades que desenvolve à escala nacional e internacional.

O projeto Gulbenkian Itinerante procura, através de parcerias com instituições nacionais, divulgar as coleções do Museu Calouste Gulbenkian, privilegiando as regiões mais distantes dos principais centros culturais. Esta parceria obedece a um modelo dinâmico, desenvolvido em prol do desenvolvimento cultural, tanto regional como nacional, e pretende contribuir para combater as assimetrias que subsistem no nosso território.

Aos parceiros foi dada a possibilidade de escolherem obras dos acervos das duas coleções do Museu Calouste Gulbenkian, com especial enfoque nas peças menos conhecidas ou em obras de autores que merecem ser reencontrados ou mesmo redescobertos.

As obras de arte que se reúnem na exposição de Sines falam-nos de muitas viagens, a mais curta das quais foi, talvez, aquela que fizeram desde a sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até ao Centro de Artes de Sines, depois de terem passado por tantos países, coleções, livros ou páginas de internet e, acima de tudo, pela imaginação de todos os que as observaram atentamente. Cada uma delas sintetiza outras tantas viagens: aquelas que o olhar demorado do artista foi fazendo, através de muitas outras obras, com que foi construindo o seu Museu Imaginário.

O retrato, no seu cruzamento de olhares entre o retratado, o artista e o espectador, domina o primeiro núcleo da exposição. Aqui revelam-se muitas vezes as suas raízes greco-romanas, e as convenções que, assentes nelas, foram sendo estabelecidas ao longo da História da Arte, sem deixar de se destacar o espírito subversivo e inconformista do artista, quando, por exemplo, a superfície da tela, do papel fotográfico, ou do cartão deixa de sugerir a janela transparente aberta sobre o mundo, para ganhar autonomia e identidade própria, entrando também no diálogo estabelecido entre os diversos participantes neste jogo.

No segundo núcleo, a figura humana avança pelo espaço, descobrindo campos e cidades, jardins e estradas. Só ou perdida na multidão, pode ser até uma presença fantasmagórica no vazio dos espaços expectantes. De Istambul, onde Calouste Gulbenkian nasceu, até Portugal, onde morreu, evoca-se o seu gosto pelas diversas culturas do espaço mediterrânico, cuja riqueza artística e diversidade não deixam de estar marcadas por conflitos milenares, muitos dos quais ainda hoje dominam a atualidade política.  

O terceiro núcleo é dedicado à Natureza, testemunho da necessidade, tão humana, de sonhar com um Paraíso perdido, intocado pela ação humana. O Fundador foi um homem intensamente fascinado pelos jardins, não apenas os que cultivou, mas também aqueles que foram imortalizados na cerâmica, nos têxteis, na joalharia, na pintura, entre tantas outras formas artísticas tão diversas, separadas no espaço e no tempo, mas onde encontramos uma mesma necessidade humana de contacto com as dádivas da Terra.

No final, entramos pela pura paisagem pictórica, na procura de representação do transcendente e de dar forma ao invisível. O trabalho de um desconhecido calígrafo iraniano que viveu no 3.º quartel do século XVI revela-se aqui surpreendentemente perto da obra contemporânea, mostrando-nos que o espaço físico que separa as duas coleções do Museu Gulbenkian, o tempo ou as culturas que produziram as obras nelas reunidas, pouco significado têm perante o poder de diálogo intemporal das obras de arte.

Estão representadas obras de cerca de 50 artistas, incluindo Alberto Carneiro, Alexandre ONeill, Alice Jorge, Amadeo de Souza-Cardoso, Ana Hatherly, Ana Vidigal, António Carneiro, António Costa Pinheiro, Bernardo Marques, Celestino Alves, Charles-Alexandre Coessin de La Fosse, Daniel Blaufuks, Domingos António Sequeira, Eduardo Luiz, Eduardo Nery, Emmerico Nunes, Félix Ziem, Fernando Lemos, Gaëtan, Gil Amourous, Hansi Staël, Helena Almeida, Jean Pillemet, Jean-François Janinet, Jean-Honoré Fragonard, João Abel Manta, João Cutileiro, João Queiroz, Jorge Guerra, Jorge Molder, José de Almada Negreiros, Julião Sarmento, Júlio Pomar, Katsushika Hokusai, Louis Noronha da Costa, Manuel Botelho, Margarida Kendall, Maria Helena Vieira da Silva, Maria Teresa Dias Coelho, Mário Eloy, Menez, Mir Ali al-Katib, Nuno Cera, Paulo Nozolino, Rui Moreira e vários autores anónimos.

A curadoria da exposição de Sines é da responsabilidade de Ricardo Estevam Pereira.

A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada, nos dias úteis, entre as 14h00 e as 20h00, e, aos sábados, domingos e feriados, das 14h30 às 20h00.




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