Machico, na Madeira, foi o primeiro núcleo populacional da ilha, estabelecido no local onde, segundo se supõe, desembarcaram os portugueses no dia da descoberta, tendo Tristão Vaz Teixeira mandado erigir uma capela (indistintamente Igreja de Cristo, da Visitação ou da Misericórdia), onde se celebrou a primeira missa.
Se esta parece ser a realidade histórica, não é de modo nenhum, o que relata a lenda.
Segundo esta, a capela elevou-se no local onde foram encontrados dois túmulos com epitáfios latinos: o de Ana dArfet e o de Robert Machim. Do nome deste homem que foi cavaleiro da corte, teria provindo o nome de Machico.
Deixemos então levar pelo sussuro da tradição...
Corria em Inglaterra o reinado de Eduardo III. Robert Machim era um cavaleiro pobre,sem nome, servindo a um qualquer pequeno nobre de província.
Ana dArfet, uma donzela bela e suave, da mais alta e velha linhagem inglesa.
Não conta a lenda como, mas conheceram-se. E amaram-se.
Um dia porém, a família de Ana teve conhecimento daqueles amores furtivos e não aprovando, mandou celebrar rapidamente o noivado de Ana com um outro nobre mais velho, tão profundamente desconhecido quanto Machim lhe era próximo.
Machim e Ana decidiram fugir para França, ansiando por viver o seu amor em paz. No entanto, uma terrivel tempestade abateu-se sobre eles ao atravessarem o canal da Mancha, afastando-os da sua rota. Navegaram por muito tempo à deriva, até que a acalmia os acordou. À sua frente, uma baía calma, despovoada e com árvores a perder de vista.
Ana, tinha adoecido e Robert, juntamente com alguns companheiros, levou-a para a praia para que descanssasse. Três dias passaram e o mar revoltou-se de novo afastando os restos do navio ancorado, com todos os que ainda estavam a bordo. Os homens desembarcados viram-se sós e presos àquela terra. Ana melhorou, mas na manhã seguinte, sentindo tal solidão, fechou os olhos e partiu. Machim desamparado, cavou-lhe uma sepultura, esculpindo uma cruz de pedra com um epitáfio em latim. Depois, sentou-se ao seu lado,vivendo a saudade e dor da sua perda. Os companheiros de tudo fizeram para levá-lo dali, mas Machin não os ouviu.
Cinco dias passados da morte de Ana, Machim partiu, juntado-se-lhe.
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Os companheiros enterraram-no ao lado de Ana pondo-lhe também uma cruz de pedra e deixando um pedido: que um dia, qualquer cristão ali erguesse um templo.
Os homens fizeram-se então ao mar num pequeno batel, deixando-se guiar pelas correntes. Dias passados, nas costas de Marrocos, um navio pirata aprisionou-os, reencontrando os outros companheiros que, incapazes de governar o navio semidesmantelado, haviam também sido capturados.
O resto da história não conta a lenda. Na verdade o fundamental da história nem é o amor entre Machim e Ana, mas as suas sepulturas lado
a lado, numa praia onde outros homens chegaram para fundar cidades. Machico se chamou ao local.
Autoria:
PNMF
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