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A Lenda de Inês Negra - Melgaço

A Lenda de Inês Negra - Melgaço

No Reinado de D. João, Mestre de Avis, aquando da guerra com Castela em 1388, foram muitos os homens e mulheres que se destacaram pela sua coragem, valentia, ferocidade e sobretudo, pelo senso de patriotismo que naquele tempo existia.

Inês Negra, uma das muitas heroínas populares que a história de Portugal contempla, era uma mulher vigorosa, máscula, musculada e muito poderosa, nascida e criada em Melgaço, tendo abandonado a terra quando esta foi tomada pelos castelhanos.

Melgaço fora de facto tomada por Castela, mantendo-se imune às inúmeras tentativas de conquista e reconquista. Ora, D. João, tendo já ganho muitas das batalhas a que se propunha, quis recuperar Melgaço, por uma questão de honra. Para tal reuniu o seu exército e cercou a terra, confrontando os castelhanos decididos a resistir. Apesar de tudo se encaminhar para uma batalha acesa, esta não se resolveu com a vitória de um dos dois exércitos, mas sim por duas mulheres, inimigas desde há muito, ambas filhas da terra.

De um lado, Inês Negra, a mulher de quem falámos no início desta história. Do outro, dentro dos muros castelhanos, uma outra mulher, igualmente valente, conhecida como “Arrenegada”, por ter traído o seu povo.

Ora, conta a lenda que já a batalha ia longa, quando Arrenegada assomou às muralhas e num tom desafiador, propôs que a batalha se resolvesse com um combate entre ela e Inês, afirmando ter a autorização do chefe castelhano.

El-Rei, apercebendo-se do ódio que arrebatava os olhos de Inês e verificando que ela nem hesitou em aceitar o desafio, após verificar a veracidade da autorização, ordenou que fosse dado a Inês tudo o que ela considerasse necessário ao combate.

Arrenegada saiu então do Castelo, aproximando-se do centro do terreio para onde se começou também a dirigir Inês Negra. O clima de tensão era grande e as duas guerreiras fitaram-se em silêncio, evidenciando olhares perfurantes e mortíferos, envolvidas pelos gritos e palavras excitadas dos exércitos e população que entretanto se dispuseram formando um circulo, para melhor apreciar o espectáculo.

Subitamente, Inês saltou avançando com a espada na direcção da rival que se esquivou placando-a com a sua espada. Ferozmente combateram, sendo apoiadas pelos espectadores que enebriados e alvoroçados torciam pela respectiva parte. Num golpe de sorte, Arrenegada fez cair a espada de Inês, que, não se dando por derrotada, rapidamente alcançou uma forquilha que por ali se encontrava. Arrenegada largou também a sua espada, agarrando numa vara e partindo-a nas costas da adversária.

Inês, fora de si, largou o que tinha na mão e atirou-se a Arrenegada, arrancando-lhe cabelos, subjugando-a com o peso do seu corpo, arranhando, mordendo. Rolaram ambas pelo chão empoeirado lutando enraivecidas.

Um grito lancinante se ouviu de repente. Todos pararam, com corações disparados, olhos esbugalhados, bocas abertas…quem vencera afinal?

Inês sentou-se, altiva, cheia de mazelas e roupa rasgada, fazendo explodir os ânimos da população ainda em choque, ouvindo-se gritos de júbilo, peças a voarem, saltos e abraços entre todos.  Ergueu nos punhos dois enormes tufos de cabelo, soltando gargalhadas guturais.

Arrenegada fugiu, humilhada e derrotada, e assim a copiaram os castelhanos que abandonaram o castelo cumprindo o estabelecido.

El Rei quis recompensar Inês , mas esta, com um brilho nos olhos, alegou já ter recebido a sua recompensa: a derrota de Arrenegada bem como tudo o que ela representava, olhando orgulhosamente a bandeira portuguesa recém erguida na torre principal do Castelo de Melgaço.

Autoria:

PNMF




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